Perspectiva Global Reportagens Humanas

Grupo armado ataca ONU e civis na República Centro-Africana

Grupo armado ataca ONU e civis na República Centro-Africana

Baixar

Um soldado de paz foi morto; ação ocorreu no bairro de Tokoyo, na cidade de  Bangassou, apenas algumas horas após ONU ter realizado cerimônia em homenagem aos cinco boinas azuis mortos em ataque em 8 de maio; secretário-geral condenou a ação e reiterou que ataques a soldados de paz podem constituir crimes de guerra.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

A Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, está enviando reforços à cidade de Bangassou, no sudeste do país, onde um grupo grupo armado abriu fogo durante a noite matando um número não revelado de civis e pelo menos um soldado de paz das Nações Unidas.

Em nota, a Minusca afirmou que “elementos armados continuam a atacar de forma deliberada e sistemática com armas pesadas” a base da Missão para impedir que os boinas azuis conduzam sua “tarefa extramamente vital de proteger a população civil e desviá-los de sua principal vocação de salvar vidas”.

Ataque

Segundo o comunicado, integrantes de uma ampla coalização, incluindo da milícia anti-Balaka, atacaram civis durante a noite no bairro de Tokoyo, em Bangassou, tendo muçulmanos como alvo principal.

A Missão afirmou que “apesar do ataque pesado contra seu escritório no local, soldados de paz tentaram responder à ação para proteger civis. No tiroteio, que continuou até a manhã deste sábado, um boina azul do contingente do Marrocos foi morto”.

De acordo com informações preliminaries, civis fugiram para uma mesquita, uma igreja e um hospital.

Resposta “implacável”

A Minusca informou que neste momento é difícil verificar a situação humanitária em Bangassou, mas citou fontes que confirmaram um número não determinado de vítimas civis.

O representante especial do secretário-geral da ONU e chefe da Minusca, Parfait Onanga-Anyanga, condenou fortemente o ataque e afirmou que a Missão fará tudo o que puder, junto com as autoridades centro-africanas, para prender os autores destes “atos terríveis” e seus comandantes.

Onanga-Anyanga afirmou que as ações serão “implacáveis” e ressaltou que “o sangue de soldados de paz e centro-africanos inocentes não será derramado em vão no país”.

Boinas azuis mortos

O ataque ocorreu apenas algumas horas após a ONU ter realizado uma cerimônia em homenagem aos cinco boinas azuis mortos em 8 de maio em Yogofongo, uma aldeia próxima. Pessoas ligadas ao grupo anti-Balaka também são suspeitas da ação.

O subsecretário-geral para operações de paz,  Jean-Pierre Lacroix, e outros representantes da ONU em visita especial ao país juntaram-se a Onanga-Anyanga na cerimônia.

Eles também visitaram os 10 soldados de paz cambojanos e marroquinos que foram feridos no ataque.

Combates entre a coalização rebelde Séléka, de maioria muçulmana, e a milícia anti-Balaka, de maioria cristã, levaram o país a um conflito desde 2013.

Secretário-geral 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou de forma veemente os últimos ataques a civis na República Centro-Africanas e fez um apelo às autoridades para que investiguem e levem os responsáveis à justiça.

Em nota, o porta-voz do chefe da ONU afirmou que Guterres está "ultrajado" pelas ações conduzidos supostamente pela milícia anti-balada contra civis e a Minusca. Segundo o comunicado, o secretário-geral reiterou que ataques a soldados de paz da ONU podem constituir crimes de guerra.

Notícias Relacionadas:

ONU concede US$ 9 milhões para ações de assistência na Rep. Centro-Africana

Em Bangui, presidente da Assembleia Geral visitou soldados de paz feridos 

Aumenta para quatro número de boinas-azuis mortos Rep. Centro-Africana 

Insegurança leva ONGs a suspenderem ações em áreas da Rep. Centro-Africana 

Photo Credit
Patrulha da Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, na capital do país, Bangui. Foto: ONU/Catianne Tijerina