Para Comissão, sírios precisam ser consultados durante evacuação
Assunto foi levado ao Conselho de Segurança pela Comissão Independente de Inquérito sobre a Síria; presidente do grupo, Paulo Sérgio Pinheiro, explica que ainda não há confirmação de qual químico foi usado em ataque de 4 de abril.
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
A Comissão Independente de Inquérito sobre a Síria teve uma reunião fechada com o Conselho de Segurança esta sexta-feira. Após o encontro em Nova Iorque, o presidente da Comissão falou com a ONU News.
Paulo Sérgio Pinheiro contou que a principal preocupação no momento é com a retirada dos civis de áreas que não são seguras. Há uma semana, mais de 100 pessoas que saíam de cidades cercadas morreram quando o comboio de ônibus onde estavam foi atacado.
Sem respeito
O incidente foi mencionado durante a reunião da Comissão de Inquérito com o Conselho de Segurança.
“Nós discutimos muito sobre os chamados acordos de evacuação, que é onde você desloca populações. Nós mencionamos o fato de que geralmente as populações não são consultadas e isso é um problema. Nós também chamamos a atenção sobre concentrar todas essas populações no norte da Síria, onde estão os grupos armados mais radicalizados. O que acontece na Síria é que quem paga essa guerra é a população civil porque ninguém respeita nada, nenhum direito, nenhuma proteção da população civil é respeitada.”
Paulo Sérgio Pinheiro explicou que a Comissão de Inquérito também continua investigando detalhes do ataque, provavelmente com arma química, ocorrido no dia 4 de abril.
Punição
Segundo o presidente da Comissão, ainda não há nenhuma conclusão sobre qual agente foi utilizado na ação. Pinheiro explicou, no entanto, porque é tão difícil punir os responsáveis pelas atrocidades que acontecem no país árabe.
“Responsabilizar os culpados é um problema porque a Síria não faz parte da Convenção de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. Então só o Conselho de Segurança é que poderia levar os eventos da guerra da Síria para o Tribunal Penal Internacional. Como os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança estão divididos, já faz sete anos que a guerra está entrando e isso não ocorreu. Hoje não tem nenhuma possibilidade. Ninguém foi processado, ninguém foi condenado.”
Paulo Sérgio Pinheiro revela que a Comissão Independente de Inquérito sobre a Síria já reuniu, nos últimos anos, evidências com base em sete mil entrevistas. O próximo relatório do grupo será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em junho.
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