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Especialista diz que vigilância é importante para controle de doenças

Especialista diz que vigilância é importante para controle de doenças

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Carolina Batista falou sobre a cooperação entre países lusófonos no combate às doenças tropicais negligenciadas; diretora da ONG Dndi afirmou que nações da Cplp podem fazer um exercício de adaptação na aplicação de boas ações.

Edgard Júnior, da ONU News em Genebra.*

A diretora médica da ONG Dndi, na América do Sul, Carolina Batista, afirmou que há uma grande oportunidade agora para aumentar a cooperação entre os países lusófonos no combate às doenças tropicais negligenciadas.

Batista fez a declaração em entrevista à ONU News durante os eventos da Conferência sobre o assunto, que termina neste sábado, em Genebra, na Suíça.

Oportunidade

“Uma vez trabalhando em Guiné-Bissau muitas das pessoas que tinham cargos de liderança dentro do ministério vinham da Fundação Oswaldo Cruz, colegas de Cabo Verde, moçambicanos. Então, eu acho que existe sim uma grande oportunidade para que a gente faça um exercício de lições aprendidas, o que funcionou bem num contexto pode ser muito bem adaptado a um contexto similar. Experimentar novas maneiras de trabalhar.”

A médica disse ainda que a vigilância epidemiológica é importante para o controle das DTNs, para saber se elas estão diminuindo ou avançando. Ela falou também sobre o trabalho que precisa ser feito com as nações da Cplp, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

“ Acho que a gente tem ainda nos países lusófonos um grande trabalho a fazer em relação à coinfecção do HIV/Sida/Aids com doenças negligenciadas. A gente sabe que existe uma relação muito grande das pessoas que foram infectadas com reativação ou com quadro de doenças mais graves, como a leishmaniose visceral, esquistossomose, a própria doença de Chagas (Mal de Chagas) e outras doenças que têm uma apresentação mais grave por conta da imunossupressão do HIV. Acho que a gente tem um grande “expertise” a trocar.”

Segundo Batista, ainda há um trabalho colaborativo a ser feito entre os países lusófonos e esse é o momento de se redefinir buscando saber onde se quer chegar e quais são as metas.

Avanços

Já a médica Isabela Ribeiro, também representante da Dndi, falou à ONU News sobre o Mal de Chagas.

“Enormes avanços, progressos importantes nos últimos anos em relação à doença de Chagas, no entanto, certamente, apontamos aqui um número de coisas que ainda temos para fazer. Doença de Chagas afeta seis milhões de pessoas no mundo, a maior parte delas na América Latina e é importante se pensar que essa é uma doença global. Hoje temos apenas 1% das pessoas diagnosticadas e tratadas para a Doença de Chagas.”

Ribeiro afirmou que existem tratamentos disponíveis, com certas limitações, mas é importante dizer que existe o diagnóstico e tratamento para as pessoas doentes.

As duas médicas elogiaram a promessa de mais de US$800 milhões  de doadores, organizações e governos feita durante a Conferência da OMS sobre as DTNs para combater o problema.

Segundo elas, nunca se viu um comprometimento tão grande alocado para essa questão. Para as especialistas, é mais fácil investir em medicamentos e ferramentas de diagnóstico do que arcar com as despesas de saúde.

*Em parceria com o Escritório da OMS para África.

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Photo Credit
Carolina Batista. Foto: ONU News/Edgard Júnior