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Entrevista: vencer doenças esquecidas em São Tomé e Príncipe

Entrevista: vencer doenças esquecidas em São Tomé e Príncipe

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Vilfrido Santana Gil é administrador do Escritório da OMS em São Tomé e Príncipe e defende que a formação de quadros deve continuar para vencer doenças tropicais negligenciadas.

Ele explica a situação do país no âmbito da cimeira internacional que decorre em Genebra e realça progressos sob o lema "Consolidar. Acelerar. Eliminar."

ONU NEWS, ON: De que forma as doenças tropicais negligenciadas se fazem sentir em São Tomé e Príncipe.

Vilfrido Santana Gil, VSG: Certamente são um problema de saúde pública no país. Afita crianças, mulheres e homens com reflexos no rendimento escolar das crianças e naturalmente facilita outros problemas e têm um certo peso no perfil sanitário do país. Por exemplo, as geohelmintíases em sete distritos sanitários do país a prevalência oscila em entre 51% e 91% trata-se de um problema de saúde importante. Em algumas isolas de, schistosomiase pode haver distritos que possam ter prevalência até 21% e a filaríase há distritos que possam ter até 4%. Portanto, um problema de saúde importante em são Tomé e Príncipe.

ON: Com a OMS a assumir um papel de conselheira do governo e a ajudar a desenhar estratégias para combater doenças como é que estas infeções e, particular são tratadas em territórios são-tomense? 

VSG: A OMS é parceira nuclear na luta, no geral, na luta para a saúde e em particular para as doenças tropicais negligenciadas. Não foge à regra: para além do tratamento habitual nos serviços de saúde nos casos das geohelmintíases e nos casos das schistosomiase que são tratados com mebendazol e sobretudo com albendazon , estamos a falar aí de uma situação de pessoas que acorrem aos serviços de saúde. Mas também existem as campanhas financiadas e apoiadas tecnicamente pela OMS e pelos seus parceiros. Em 2014 fez-se uma campanha nacional contra as geohelmintíases e as schistosomiases. 335 727 crianças, 84% delas foram tratadas, temos aqui uma cobertura medicamentosa ao nível de de 84% com uma cobertura geográfica de 100% nas 73 escolas que foram atingidas. Em 2017, primeiro trimestre, de 36.113 crianças previstas 94% delas em termos de cobertura medicamentosa e 100% de cobertura geográfica em 93 escolas foram atingidas. Note que a OMS recomenda 75%. É uma abertura importante onde a avaliação externa pós-campanha deste 2017 também confirmou estes resultados. Uma situação preocupante está a falar de geohelmintíases  entre 51% e 91%, de schistosomiases entre 1% e 21% em distritos e de as filaríases entre 0,5% e 1%...julgo que a OMS tem dado um contributo importante para as geohelmintíases  e as schistosomiases. Há uma campanha tem o plano já em fase de finalização. Ara 2017 ou eventualmente 2018 e será nacional contra a filaríases linfáticas. Este o tratamento que se tem dado a esta situação para al m das campanhas de saúde.

ON: Como é que são feitos estudos para ter uma ideia mais clara das doenças tropicais negligenciadas em São Tomé e Príncipe. Até que ponto é que eficaz a forma como se faz o estudo neste momento?

VSG: Foram feitos mapeamentos em 2014 e em 2016. Esses estudos é que servem de base às intervenções. Os dados que falei há pouco decorrem desses estudos. Falei apenas dos pontos extremos mas tem-se a informação por cada um dos distritos a partir de uma entrevista curta como esta. Temos para cada um dos distritos (os dados) que nos orientam para cada uma das intervenções. Apesar de haver distritos mais muito específicas para um outro distrito não é eficientemente prático fazer ações muito específicas para um outro distrito. Naturalmente, o distrito de Água Grande a tem uma prevalência especialmente alta de quaisquer destras três doenças tropicais negligenciadas encontradas em São Tomé e Príncipe e por ser também o distrito mais populoso mas também mais densamente povoado importa que uma atenção mais particular seja dada a esse distrito. Mas as ações devem abranger os sete distritos sanitários. Estamos a falar de 21% de prevalência da schistosomiases , 72% da prevalência da geohelmintíases e em termos das filaríases linfáticas é relativamente baixa mas ainda é de 0,5%.

ON: Como é que as populações lidam com estas doenças localmente e  até que ponto correm imediatamente para os centros hospitalares quando as identificam?

VSG: As campanhas não são tão frequentes como outras doenças que são frequentes. O são são-tomense não acorre ao centro de saúde para ser tratado por uma geohelmintíase. Para ele é um problema comum e habitual com o qual se convive. Há algumas crenças, por exemplos às pessoas pensam que comer alimentos doces estará na origem das geohelmintíase. Por exemplo as pessoas dizem: olha, eu vivo com isto e há alguns remédios e algumas plantas tradicionais que utilizam, Acham que isto é uma doença convivíeis, se calhar com que possam conviver. Não posso dizer a mesma coisa quando as crianças têm alguns dos sintomas não por meramente expulsar. De facto, preocupa-nos esta situação de que a população possa ter também hábitos mais saudáveis e ter condições de higiene e saneamento do meio em geral. Essas ações de promoções feitas de quando em vez ajudam. Mas essa mudança de hábitos leva tempo. o que importa além dessas ações de promoção as ações que abranjam a determinantes da saúde e que conduzam a um tratamento do meio na uma luta contra a pobreza em geral que indiretamente iram contribuir para que para além dos esforços que a OMS e o Governo venham fazendo que se tenha uma situação em termos da prevenção mais sanável. Potencialmente temos também os mosquitos que no geral podem causar a dengue. É possível que haja a situação mas não se têm estudos nesta parte.

Naturalmente essas ações no geral de saneamento dos meios que melhorem no geral a situação julgam eu que terão também um efeito. Em relação às filaríases há estigmatizarão em relação a algumas pessoas que podem ter edemas nos membros inferiores e isto leva de facto a situações que preocupa e que se pode tratar ao nível de ações de comunicação para alem das campanhas de marcha e etc.

ON: Mais alguma ação que possa ditar progressos nos próximos anos em São Tomé e Príncipe.

VSG: Após a declaração de Londres, a intervenção da OMS tem sido muito mais fortes, tanto em termos técnicos como financeira. Existe um plano estratégico atento em termos estratégicos como financeiros. Existe um plano financeiro que cobre o país até 2020. A perspetiva é que a OMS continuar a apoiar os parceiros na execução dos planos na forma mais correta possível: os planos estratégicos e os planos operacionais. A atualização do mapeamento nacional para que em função disso se possa continuar ou direcionar as campanhas de massa que fiz referência, o processo de formação de quadro tem que continuar, a preparação, a avaliação das campanhas. Este processo de assistência técnica do programa de saúde importante não só porque ele garante a qualidade em termos de padrões recomendados das intervenções mas também constitui um elemento do reforço de capacidades da parte nacional. As ações ligadas às determinantes da saúde que atingem transversalmente os vários setores do país são muito relevantes para no geral contribuir para a redução ou a eliminação mesmo das doenças tropicais negligenciadas. Que elas já não existam.

ON: Estas doenças são normalmente ligadas à pobreza. São Tomé e Príncipe têm cerca de 200 ml habitantes com grande parte pobre ainda. Vê um papel individual das esporulações neste processo como podem agir para conter as doenças tropicais negligenciadas?

VSG: Há ações de determinantes da saúde. Há ações massivas atingidas globalmente com o apoio da OMS e as ações de promoção da saúde onde a partir das escolas pode-se tratar de melhorar os hábitos em termos de melhoria de higiene em geral das comissões de saneamento do meio para que possam ter menos propensão à poder adoecer. O elemento de melhoria dos hábitos de higiene é fundamental.A maior delas depende de ação individual mas também há um elemento ligado à pobreza como dizia. Tem de ser uma ação global. É uma ação que é multifacetada. Mas esta particular ligada à melhoria de higiene. A higiene do saneamento do meio é importante é fundamental para cada uma das populações em relação em particular para a geohelmintíases e as schistosomiase. Em relação às filaríases é um bocado individual e decorre muito mais da proteção global em termos de vetor mas também tem um elementos e proteção a esse nível.

Photo Credit
São Tomé e Príncipe. Foto: Pnud