Descobertas 17 valas comuns na República Democrática do Congo
Investigadores da ONU confirmam a existência das valas na província Kasai Central; região foi palco de confrontos entre soldados e integrantes da milícia local Kamuina Nsapu que resultaram em mais de 70 mortos.
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
Investigadores das Nações Unidas confirmam a existência de mais 17 valas comuns na província Kasai Central, na República Democrática do Congo. O local foi palco de confrontos entre soldados e integrantes da milícia local Kamuina Nsapu.
Com isso, sobe para 40 o total de valas comuns encontradas pela ONU no país desde agosto de 2016. Entre as valas recém-descobertas, 15 ficam num cemitério.
Mortes
A equipa da ONU conseguiu informações que revelam que soldados das Forças Armadas da RD Congo cavaram os túmulos após conflito com as milícias em março. Pelo menos 74 pessoas, a incluir 30 crianças, teriam sido mortas pelos soldados.
Os investigadores também visitaram a cidade de Kananga para buscar relatos sobre alegações de abusos. Entre os dias 28 e 30 de março, os soldados do exército teriam atirado e matado 40 pessoas, a incluir 11 crianças e 12 mulheres.
Outras 21 pessoas ficaram feridas. As vítimas teriam sido assassinadas em suas casas, quando os soldados bateram de porta em porta à procura dos integrantes das milícias.
Sequestro
Muitos corpos foram enterrados nas valam comuns. A ONU também recebeu relatos de mulheres e raparigas abusadas sexualmente pelos soldados.
Por sua vez, a milícia Kamuina Nsapu é acusada de recrutar centenas de crianças e de atacar prédios do governo, escolas, hospitais, igrejas e estações policiais. No dia 30 de março, os integrantes da milícia atacaram uma igreja e sequestraram um padre e uma freira, que só foram libertados após o pagamento da fiança no dia a seguir.
Horror
O alto comissário de Direitos Humanos da ONU declarou que as “descobertas de mais valas comuns e os relatos de violações e abusos destacam o horror que está a ocorrer em Kasai nos últimos nove meses”.
Segundo Zeid Al Hussein, é “vital que o governo da RD Congo tome passos significativos para garantir que exista uma investigação rápida, transparente e independente para estabelecer fatos e circunstâncias das violações de direitos humanos”.
O alto comissário também pede acesso a todas as valas comuns e a todas as testemunhas da violência, a incluir as que estão detidas. Zeid afirma estar pronto para pedir o apoio internacional para uma investigação no Tribunal Penal Internacional.
Notícias Relacionadas:
RD Congo: 5 milhões por ano correm risco de contrair cólera
RD Congo: confrontos e emergência afetam 1,7 milhão de pessoas em Kasai
Reforma das Missões de Paz é prioridade dos EUA no Conselho de Segurança