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Ataque químico na Síria deixa pelo menos 70 mortos

Ataque químico na Síria deixa pelo menos 70 mortos

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Centenas de pessoas foram afetadas; em nota, Organização Mundial da Saúde cita relatos parceiros tratando pacientes no terreno; agência da ONU afirmou estar alarmada com uso de químicos altamente tóxicos como armas na Síria.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

A Organização Mundial de Saúde, OMS, emitiu uma nota nesta quarta-feira expressando alarme pelos “graves relatos sobre o uso de substâncias químicas altamente tóxicas em um ataque em Khan Shaykhum, na zona rural de Idlib, na Síria.

De acordo com parceiros da agência tratando pacientes no local, pelo menos 70 pessoas morreram e centenas foram afetadas.

Bárbarie

Médicos em Idlib estão informando que dezenas de pessoas com dificuldades de respirar e sintomas de sufocamento chegaram a hospitais da província precisando de atenção médica urgente, muitos delas mulheres e crianças.

O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Peter Salama, declarou que as imagens e relatos vindos de Idlib o deixaram “chocado, triste e ultrajado”.

Salama lembrou que este tipo de armas foi banido pela lei internacional porque representa uma “barbárie intolerável”.

Armas químicas

A agência da ONU lembrou que os primeiros relatos do uso de armas com agentes químicos na Síria surgiram em 2012 e desde então ocorreram com “frequência perturbadora”, incluindo diversas alegações sobre o uso de gás cloro em Alepo no ano passado, especialmente entre setembro e dezembro.

Segundo a OMS, o último incidente relatado é o “mais horrível” desde o ocorrido na região de Ghouta, na Síria, em 2013.

Antídoto e hospitais

A agência alerta que a capacidade dos hospitais da área onde ocorreu o ataque esta semana é limitada, especialmente já que diversas instalações foram danificadas devido ao conflito em curso.

Muitos pacientes foram levados a hospitais no sul da Turquia. Medicamentos, incluindo um antídoto para alguns tipos de exposição química e esteroides para o tratamento dos sintomas, foram imediatamente enviados do armazém de um parceiro da OMS em Idlib.

A agência da ONU está enviando mais medicamentos à Turquia e está pronta para fornecer suprimentos vitais e ambulâncias.

Casos

Segundo a OMS, a probabilidade de exposição a um ataque químico é ampliada pela aparente falta de ferimentos externos relatada em casos que mostra rápido surgimento de sintomas semelhantes, incluindo problemas respiratórios agudos como a principal causa de morte.

Outros casos parecem mostrar sinais adicionais consistentes com a exposição a uma categoria de químicos que inclui agentes que atuam no sistema nervoso.

Crianças

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, também se manifestou em relação ao ataque. Em meio aos “novos relatos de atrocidades”, a agência da ONU fez um apelo a líderes mundiais que continuem apoiando as crianças sírias.

Em nota mencionando a conferência sobre a Síria, que começou nesta quarta-feira em Bruxelas, o diretor regional do Unicef, Geert Cappelaere, afirmou que o último ataque é um forte lembrete de que as partes em conflito no paós continuam a “ignorar descaradamente os direitos e proteção de cada criança”.

Às margens da Conferência Internacional de Apoio à Síria, o secretário-geral da ONU, António Guterres declarou que os últimos acontecimentos demonstram que crimes de guerra continuam sendo cometidos no país e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente.

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Casas destruídas em Qara, na Síria. Foto: Acnur/Qusai Alazroni (arquivo)