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ONU vê “risco elevado” de violência eleitoral na RD Congo

ONU vê “risco elevado” de violência eleitoral na RD Congo

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Enviado declara que não é aplicado o acordo assinado, há dois meses, pelo governo e a oposição; abusos aos direitos humanos subiram 30% em relação a 2015; dificuldades económicas prejudicam populações.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

As Nações Unidas alertaram que continua a haver um “risco elevado” de violência eleitoral, principalmente em áreas urbanas da República Democrática do Congo, RD Congo.

O representante especial do secretário-geral no país disse esta terça-feira ao Conselho de Segurança que a situação pode agravar ainda mais se não for aplicado o acordo assinado em dezembro entre o governo e a oposição.

Direitos Humanos

Maman Sidikou afirmou que a situação prolonga a incerteza política na RD Congo.

Pelo menos de 5.190 violações de direitos humanos ocorreram no país em 2016, o que equivale a um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

Sidikou contou que o alastramento da violência segue a mesma tendência das violações de direitos humanos. Pelo menos 64% dos abusos são atribuídos a agentes do Estado, enquanto os restantes foram cometidos por grupos armados.

Valas Comuns

O enviado disse estar particularmente preocupado com relatos de uso excessivo da força, pelas violações dos direitos humanos e por valas comuns descobertas nas províncias do Kasai.

O também chefe da Missão da ONU na RD Congo, Monusco, declarou que a operação de paz continua totalmente empenhada em proteger e promover os direitos humanos e o espaço político.

Prestação de Contas

O envolvimento da missão com as autoridades é “para garantir que os autores dos abusos prestem contas e sejam levados à justiça”.

A situação económica e humanitária congolesa também é um fator de profunda preocupação para as Nações Unidas. O franco-congolês perdeu mais de 30% do seu valor em 2016.

O país não tem reservas em moeda estrangeira e o défice orçamental “afeta cada vez mais os meios de subsistência dos congoleses”, uma situação que segundo as previsões deverá manter-se nos próximos meses.

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Maman Sidikou no Conselho de Segurança, nesta terça-feira, 21 de março. Foto: ONU/Mark Garten