Escritório da ONU considera “leniente” sentença dada a soldado israelense
Sargento Elor Azaria foi condenado a 18 meses de prisão pela morte de palestino que estava desarmado; para porta-voz do Escritório de Direitos Humanos, caso pode “minar a confiança no sistema judiciário e reforçar cultura de impunidade”.
Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
O Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos expressou profunda inquietação com o que considerou “sentença leniente” dada pela Corte Militar de Tel Aviv nesta semana a um soldado israelense condenado por ter “matado ilegalmente um palestino que estava ferido”.
A porta-voz do Escritório da ONU, Ravina Shamdasani, mencionou que o caso é uma “aparente execução extrajudicial de um homem desarmado que claramente não representava uma ameaça iminente”.
Homicídio
Ela mencionou que o sargento Elor Azaria foi condenado por homicídio em janeiro de 2017 por ter atirado e matado Abdelfattah al-Sharif, em março de 2016.
No momento, Al-Sharif estava desarmado e deitado no chão, ferido após ter sido baleado por esfaquear e ferir um solado israelense.
Embora o homicídio tenha uma sentença máxima de 20 anos, o Escritório da ONU ressalta que o sargento Azaria foi “condenado a apenas 18 meses de prisão e um rebaixamento de patente”.
Impunidade
A porta-voz citou que mais de 200 palestinos foram mortos por forças de segurança israelenses desde a mais recente escalada na violência, que começou na Cisjordânia em setembro de 2015.
O sargento Azaria é o único integrante das forças de segurança israelenses levado a julgamento por tal ação.
Ravina Shamdasani afirmou que a acusação e a condenação são “passos muito bem-vindos para a prestação de contas”, mas considerou a “pena excessivamente leniente”.
Ela ressaltou ainda “contraste” com sentenças emitidas por outros tribunais israelenses por infrações menos graves, citando “crianças palestinas sentenciadas a mais de três anos por jogarem pedras em carros”.
Para a porta-voz, o caso do sargento Elor Azaria corre o risco de “minar a confiança no sistema judiciário e reforçar a cultura de impunidade”.
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