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República Centro-Africana tem “ambiente humanitário mais perigoso”

República Centro-Africana tem “ambiente humanitário mais perigoso”

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Cerca de um terço das ações contra trabalhadores do setor; Angola está entre os países da iniciativa  em prol da reconciliação; contingente português tem forças de intervenção rápida estacionada na cidade de Bambari.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

As Nações Unidas consideram a República Centro-Africana o “ambiente mais perigoso para os trabalhadores humanitários”. Em 2016, o país teve 31% dos incidentes de segurança a nível do mundo que afetaram funcionários de ONGs.

O subsecretário-geral para as Operações de Paz disse esta quarta-feira ao Conselho de Segurança que deve ser rapidamente cumprida a promessa internacional de mais de US$ 2,2 mil milhões da conferência de Bruxelas de novembro.

Financiamento

Hervé Ladsous destacou os cerca de 2,2 milhões de pessoas necessitadas ou estão a enfrentar insegurança alimentar. O número corresponde a mais de metade da população da República Centro-Africana.

Além de ter o número mais alto de carenciadas por pessoa no mundo, o país teve cerca de 100 mil novos deslocados cujo apoio é limitado pela falta de financiamento humanitário.

Presença

As forças de paz reorganizam a sua presença no terreno para aumentar a mobilidade, em ações que incluem o reforço de tropas nas operações.

Landous destacou que a ONU vai apoiar uma nova iniciativa africana em prol de um acordo de paz e reconciliação entre o governo e todos os grupos armados centro-africanos.

A ideia é criar uma base para a resolução de conflitos e para a paz sustentada. O projeto envolve Angola, Chade e a República do Congo em parceria com a Comunidade dos Estados da África Central.

O subsecretário-geral considera que a iniciativa africana deve aproveitar os recentes progressos que incluem os esforços do presidente Faustin Touadéra junto aos grupos armados. Cerca de 12 dos 14 agrupamentos fazem parte da iniciativa de diálogo.

Justiça

A outra recomendação é que sejam preservados os resultados e recomendações do Fórum de Bangui, que inclui abordar desafios nas áreas de justiça e reconciliação.

Com a medida deve ser garantido que as “queixas legítimas dos grupos armados não ofusquem as aspirações da grande maioria dos cidadãos” centro-africanos.

Avanços

Os avanços alcançados pelas autoridades do país incluem uma campanha para recrutar 500 forças policiais e gendarmes além de uma companhia formada pela União Europeia, que deverá ser enviada em breve ao país.

Esta quarta-feira foi nomeado um procurador para o Tribunal Penal Especial pelo presidente Touadéra.

Ladsous falou também da atuação de contingente português com forças de intervenção rápida na cidade de Bambari e nos seus arredores, ao lado de forças especiais.

O local foi palco de recentes atos de violência de grupos armados e acolhe dezenas de milhares de habitantes incluindo deslocados.

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Forças de paz reorganizam a sua presença no terreno.  Foto: ONU/ Nectarios Morkogiannis.