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Resgatando histórias das vítimas do Holocausto em museu inédito

Resgatando histórias das vítimas do Holocausto em museu inédito

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27 de janeiro é Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto;  museu no Brasil preserva objetos pessoais e relatos de vida dos que fugiram do extermínio nazista; sobrevivente relembra campo de concentração.

Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque. 

As Nações Unidas definiram 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, uma data para se relembrar a tragédia causada pelo extermínio de mais de 6 milhões de judeus e outras minorias pelos nazistas.

A ONU espera que o Dia Internacional sirva também para prevenir que outros genocídios aconteçam no futuro. Manter viva a memória das vítimas do nazismo é o papel do Museu do Holocausto, o primeiro do tipo no Brasil, segundo os organizadores. O local foi criado há cinco anos na cidade de Curitiba, no Paraná.

Perspectiva

O coordenador do museu falou com a ONU News sobre as homenagens que ocorrem no mundo todo nesta sexta-feira. Para Carlos Reiss, 27 de janeiro é uma data importante para trabalhar o Holocausto de forma “universal e não apenas sob uma perspectiva judaica”.

“Além dos judeus, que têm um papel central na ideologia nazista de perseguição, outros grupos também foram perseguidos, como homossexuais, pessoas com deficiência, ciganos, comunistas. Trabalhando o Holocausto de forma universalizada, é possível transmitir essa tragédia aproximando-a dos dias de hoje. Seres humanos perseguiram, discriminaram e assassinaram milhões de outros semelhantes, de outros seres humanos.”

Objetos pessoais

Segundo Carlos Reiss, sobreviventes ou seus familiares podem doar ao Museu do Holocausto qualquer tipo de objeto pessoal daqueles que escaparam do nazismo.

No site do museu é possível também preencher um formulário e fazer um registro oficial da história dos sobreviventes que acabaram indo para o Brasil.

Um deles é Rafael Teitelbaum, que está com 90 anos e vive em Porto Alegre. À ONU News, diretamente da cidade no Rio Grande do Sul, ele relembrou os horrores vividos no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

“A polícia era muito antissemita, muito ruim. Fizeram um gueto de todos os judeus da minha cidadezinha. Veio um trem e no outro dia começaram a falar: todas as pessoas arrumem as mochilas e as coisas que têm, para embarcar no trem. Aí cheguei em Auschwitz. Trabalhei como eletricista, me escondia, a comida era péssima. Mas eu tinha muita força de vontade de viver. Duas coisas eu gosto na vida: a vida e o amor ao próximo.”

Rafael Teitelbaum também passou pelo acampamento de Buchenwald, na Alemanha. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o romeno foi morar em Israel e mudou-se para o Brasil em 1955.

A ONU escolheu 27 de janeiro como o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto porque nesta data, há 72 anos, acontecia a libertação do campo de Auschwitz.

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Área externa do museu em Curitiba. Foto: Museu do Holocausto.