Vice-secretário-geral pede aos líderes mundiais o fim da polarização
Ao fazer uma reflexão sobre seu trabalho nas Nações Unidas, Jan Eliasson faz um apelo ao fim da xenofobia e das divisões; ex-ministro das Relações Exteriores da Suécia deixa o cargo no sábado, após mais de quatro anos de serviço.
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
O vice-secretário-geral da ONU faz uma reflexão sobre os últimos quatro anos e meio em que ocupou o cargo. Jan Eliasson deixa o posto neste sábado, dia 31 de dezembro.
Em sua última entrevista à ONU News, em Nova Iorque, ele aproveitou para pedir aos líderes mundiais que lutem contra a xenofobia e parem de dividir a humanidade entre “nós” e “eles”. O diplomata sueco está “muito preocupado com a tendência das pessoas não se identificarem com as outras, ao invés de se unirem”.
Medo
Segundo Eliasson, este tipo de atitude “alimenta a polarização e a divisão”, fazendo com que as pessoas fiquem mais inclinadas e receptivas “ao medo e até promovendo o ódio”.
Na opinião do vice-chefe da ONU, “juntos” é a palavra mais importante do momento, uma mensagem básica que representa como no futuro, as pessoas vão lidar com “os migrantes, os refugiados, com o desenvolvimento e as causas dos conflitos”.
Prevenção
Jan Eliasson destaca que os problemas precisam ser tratados logo no começo, por isso ele defende “uma cultura de prevenção”, com a valorização de estratégias e pensamentos de longo prazo.
Ele explicou que a comunidade internacional está buscando US$ 22 bilhões para resolver todas as necessidades humanitárias do mundo, além de gastar US$ 8,5 bilhões por ano com as operações de paz.
Eliasson afirma o seguinte: “quase US$ 30 bilhões são gastos para lidar com os sintomas e apenas centenas de milhões de dólares” para prevenir problemas de âmbito internacional, incluindo conflitos.
Troca de comando
O vice-secretário-geral avalia que neste estágio, com tantos confrontos ou “países implodindo, é preciso ouvir os primeiros sinais, como violações de direitos humanos”.
Segundo Jan Eliasson, a organização vai agora ao Conselho de Segurança de forma sistemática para fazer alertas sobre situações que podem se tornar atrocidades em massa, o que é em sua opinião, um “grande avanço para a ONU”.
Eliasson assumiu o cargo em julho de 2012, escolhido pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon. A partir de domingo, 1º de janeiro, as Nações Unidas têm um novo secretário-geral, António Guterres, e uma nova vice-secretária-geral, Amina Mohammed.
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