Refugiados burundeses podem aumentar em mais de 60% em 2017
Mais de 530 mil pessoas devem deixar o seu país devido à instabilidade política e económica; Acnur indica que Tanzânia acolhe mais de metade dos cidadãos que fugiram do Burundi após a crise de 2015.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
As Nações Unidas preveem que o fluxo de burundeses para os países vizinhos continue em 2017. A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, destaca que 534 mil cidadãos do Burundi poderão ter fugido do país até ao fim do próximo ano.
Atualmente, a Tanzânia é a principal nação anfitriã. O país acomoda cerca de 180 mil dos 322 mil refugiados registados até outubro passado na República Democrática do Congo, no Ruanda, na Tanzânia e no Uganda.
Sinais de melhoria
A principal razão do aumento de refugiados burundeses é a instabilidade política e económica que está “ainda sem sinais de melhorias no próximo ano”.
A fuga para as nações vizinhas começou com o início de protestos civis, a desestabilização e o agravamento da situação económica iniciada em abril de 2015.
A agência da ONU diz haver necessidade de prestar maior atenção ao número crescente de cidadãos do Burundi que vivem no Quénia, no Malaui e na Zâmbia.
Oportunidades
O Acnur promete continuar a dar resposta de emergência aos recém-chegados e cuidar dos que já estão nos campos. A ideia é melhorar também os meios de subsistência dos refugiados e das comunidades onde estes estão acomodados.
A instabilidade política no Burundi trouxe desafios como o aumento da insegurança, a queda do apoio financeiro externo e um baixo desempenho da economia, factores que levaram ao agravamento da situação humanitária.
Várias entidades de direitos humanos foram suspensas ou encerradas este ano, o que piora o cenário.
Em abril, o Conselho de Segurança adotou uma resolução que reitera que o governo deve garantir as liberdades fundamentais, o Estado de direito e condena todas as violações e abusos dos direitos humanos.
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