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Moçambique: relatório do Banco Mundial aborda pobreza e faz recomendações

Moçambique: relatório do Banco Mundial aborda pobreza e faz recomendações

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Publicação Acelerando a Redução da Pobreza em Moçambique: Desafios e Oportunidades conclui que pobreza caiu de forma mais lenta no país desde 2003; redução é desigual entre províncias; órgão ressalta que nação africana tem “altos índices de desigualdade”.

Laura Gelbert, da ONU News em Nova Iorque.

O Banco Mundial publicou um novo relatório sobre pobreza e suas causas em Moçambique. Segundo o documento, para cada ponto percentual de crescimento no país entre 1997 e 2009, a pobreza caiu apenas 0,26%, cerca de metade do observado na África Subsaariana.

A publicação Acelerando a Redução da Pobreza em Moçambique: Desafios e Oportunidades também conclui que a pobreza caiu de forma mais lenta desde 2003, a um ritmo de apenas 4% para chegar a 52% em 2009.

Desigual

Por outro lado, segundo o Banco Mundial, a redução da pobreza é desigual ao redor do país, com as regiões central e norte a mostras índices “desproporcionalmente mais altos”.

O órgão afirmou ainda que, em geral, áreas urbanas tendem a ter níveis mais baixos de pobreza que províncias rurais.

A cidade de Maputo, por exemplo, capital moçambicana, tem os índices de pobreza mais baixos do país, com 10%. Já a província da Zambézia, no centro, tem índices de 73%.

Aumento

Ao invés de diminuir como no resto do país, entre 2003 e 2009 a pobreza piorou em Zambézia, Sofala, Manica e Gaza. As cinco províncias juntas representavam cerca de 70% da população pobre em 2009, um crescimento em comparação aos 59% em 2003.

As províncias de Zambézia e Nampula apenas representam cerca de metade da população pobre do país, 48%, em comparação a 42% em 2003.

Fraca inclusão

Para o diretor do Banco Mundial em Moçambique, Mark Lundell, o “robusto crescimento visto recentemente no país beneficiou principalmente pessoas que não são pobres, a assinalar uma fraca inclusão no modelo de crescimento económico do país”.

O órgão ressalta que Moçambique tem “altos índices de desigualdade”. O fenómeno, segundo o Banco, tende a reduzir o impacto do crescimento económico ou de renda para as pessoas mais pobres.

Em outras palavras, o Banco Mundial afirma que o crescimento económico em Moçambique poderia ter tido um impacto muito maior na redução da pobreza se os seus efeitos não tivessem sido afetados pelo aumento da desigualdade no mesmo período.

Educação e agricultura

O relatório também concentra-se sobre “oportunidades económicas fracas para os pobres em comparação aos não-pobres assim como a questão da falta de acesso à educação como elementos que contribuem para a transmissão da pobreza entre gerações”.

O documento lembra ainda que embora Moçambique tenha um “grande potencial para a agricultura que permanece em grande parte inexplorado, a produtividade baixa e o crescimento limitado na agricultura baseada no mercado” contribuem para a fraca redução da pobreza.

Por outro lado, o estudo aponta que os efeitos de desastres naturais sobre a economia como um todo são exarcerbados pelo peso da agricultura no Produto Interno Bruto, PIB, do país.

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Photo Credit
Maputo, Moçambique. Foto: Banco Mundial/John Hogg