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Colômbia: preocupação com “aspectos não priorizados” do acordo de paz

Colômbia: preocupação com “aspectos não priorizados” do acordo de paz

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Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos citou desmobilização e desarmamento de integrantes das Farc; em Genebra, porta-voz disse à ONU News que primeiros dias são os “mais críticos” para garantir que os combatentes não abandonem o processo de paz.

Laura Gelbert, da ONU News em Nova York.*

Para o Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos, o acordo de paz colombiano tem um “grande potencial para melhorar a situação de direitos humanos no país”.

No entanto, o Escritório está preocupado porque aspectos práticos de desmobilização e desarmamento de integrantes das Farc, estabelecidos no acordo, não estão “sendo priorizados”.

Processo de Paz

De Genebra, a porta-voz do Escritório para Direitos Humanos, Elizabeth Throssell, explicou à ONU News a importância da questão:

“A experiência internacional mostra que os primeiros dias de desmobilização são os mais críticos para garantir que os combatentes não abandonem o processo de paz, evitem o aumento da violência. Preocupante é que duas semanas após o processo de desmobilização, nenhuma das 27 zonas onde deveria ocorrer a desmobilização e o desarmamento está equipada para esse processo.”

Violência

Ela citou que o acesso à água potável, alimentação, serviços de saúde e eletricidade é “limitado”.

“Outro problema é que à medida que as guerrilhas das Farc abandonam áreas tradicionalmente sob seu controle, o Estado colombiano ainda não ocupou totalmente e isto está deixando um vazio de poder. Grupos armados e criminosos disputam o controle de atividades econômicas ilegais nessas áreas como o cultivo da coca e a mineração ilegal.”

Para o Escritório da ONU, em meio a esta situação há um risco de aumento das violações de direitos humanos.

“O Escritório da ONU para Direitos Humanos na Colômbia documentou 61 assassinatos em 2016, principalmente de defensores de direitos humanos e líderes sociais nas áreas rurais. Vinte e uma dessas mortes ocorreram após a assinatura do primeiro acordo de paz em 26 de setembro.”

Desafios e ações

Para o Escritório, há também “desafios de longo prazo devido ao escopo ambicioso do acordo de paz”.

O órgão fez um apelo ao governo colombiano para que eleja um “gestor de crise com autoridade para abordar esses problemas práticos para evitar prejudicar o processo de paz que promete tanto, se implementado de forma apropriada”.

O Escritório também pediu ações “imediata, determinada e visível” do Estado no terreno para fornecer segurança e serviços básicos e começar a implementação de todos os aspectos do acordo.

*Com entrevista de Julia dos Santos Castello, em Genebra.

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Photo Credit
Foto: Pnud Colômbia/Mauricio Cardona (arquivo)