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OIT alerta que salários têm o pior crescimento em 2015

OIT alerta que salários têm o pior crescimento em 2015

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Relatório da Organização Internacional do Trabalho mostra que desaceleração passou de 2,5% em 2012 para 1,7% no ano passado; Brasil teve queda de 3,7% e Portugal registrou crescimento modesto.

Edgard Júnior, da ONU News em Nova York.

O relatório global da Organização Internacional do Trabalho, OIT, sobre salários 2016-2017, mostrou que eles registraram o pior índice de crescimento dos últimos quatro anos em 2015.

Segundo a agência da ONU, a desaceleração passou de 2,5%, no geral, em 2012 para 1,7% no ano passado. Se a China, onde houve um avanço maior, fosse retirada da avaliação, a queda teria sido ainda maior, passando de 1,6% para 0,9% durante o mesmo período.

Crise mundial

De Madri, em entrevista à ONU News, o diretor do Escritório da OIT em Nova York, Vinícius Pinheiro disse que os salários estão no menor nível desde a crise mundial.

Mas Pinheiro afirmou que além do baixo crescimento, o relatório mostra outros fatores.

“O relatório mostra também um crescimento nos níveis de desigualdade salarial, quer dizer que os ricos estão ganhando mais e os pobres estão ganhando, proporcionalmente, menos. Está aumentando a brecha entre os salários dos ricos e pobres. O 1% mais rico ganha, em média, 22 vezes mais do que os 10% mais pobres. E, finalmente, o relatório mostra que as diferenças salariais entre homens e mulheres continuam em patamares muito elevados, não estão mostrando sinais de melhora. Em geral, a diferença salarial está em torno de 25%.”

Vinícius Pinheiro falou ainda da situação no Brasil e em Portugal, dois países de língua portuguesa incluídos no documento. No caso brasileiro, ele disse que a redução do crescimento dos salários chegou a 3,7% em 2015.

“O Brasil tem um dos piores indicadores dos países analisados, que é inferior somente ao que aconteceu na Ucrânia (-20,2%), que é um país em guerra, e na Rússia (-9,5%). Esse é um dos piores resultados históricos do Brasil em relação a evolução salarial. A diferença salarial entre homens e mulheres continua estagnada no patamar de 18 a 20%. Mas por fim, o Brasil ainda continua buscando avanços em relação à redução da desigualdade, isso devido à política de aumento real do salário mínimo. Portugal apresenta um crescimento modesto do salário, que está um pouco acima da média mundial, que é uma situação positiva e está entre os poucos países onde houve redução das desigualdades salariais.”

Recomendações

Pinheiro cita quatro recomendações da OIT para a retomada do crescimento dos salários. O primeiro é a necessidade de políticas de estabelecimento e aumento real do salário mínimo e o fortalecimento dos mecanismos de barganha nos dissídios coletivos.

Ele menciona ainda que é fundamental que não só se aumente o salário de quem está em baixo, mas também é preciso regular os salários mais altos, como os bônus dados ao topo da escala salarial.

Devem ser implementadas medidas que estimulem mais produtividade e também políticas que eliminem as diferenças salariais entre homens e mulheres.

Photo Credit
Foto: Banco Mundial/John Hogg