Perspectiva Global Reportagens Humanas

Conselheiro da ONU espera que retirada de civis de Alepo comece nesta 5ª feira

Conselheiro da ONU espera que retirada de civis de Alepo comece nesta 5ª feira

Baixar

Jan Egeland informou a jornalistas em Genebra que a organização foi convidada a monitorar e ajudar na operação; 50 mil pessoas foram deslocadas da cidade; ele afirmou que há 700 mil pessoas em 15 áreas sitiadas além do leste de Alepo.

Laura Gelbert, da ONU News em Nova York.

O Conselheiro especial da ONU e coordenador da Força Tarefa Humanitária para Síria, Jan Egeland, falou a jornalistas nesta quinta-feira em Genebra que por diversos meses a organização tem tentado prestar assistência no leste de Alepo.

Egeland mencionou que houve “cinco grandes iniciativas para levar ajuda à parte sitiada do leste da cidade e retirar feridos e civis do local”, mas todas falharam.

Retirada e monitoramento

O Conselheiro afirmou esperar que nesta quinta-feira comece a “última e bem sucedida tentativa de retirada” da cidade.

Ele afirmou que nesta manhã, a ONU foi convidada a monitorar e ajudar na retirada que será realizada a partir do enclave que permanece controlado por grupos de oposição armados.

Egeland afirmou tratar-se de uma retirada de três pontas: “dos feridos e doentes; dos civis vulneráveis e dos combatentes”.

Acordo

O Conselheiro ressaltou que este não é um acordo mediado pelas Nações Unidas, mas que foi feito em conversas diretas pelas partes em conflito.

Egeland explicou que a organização faz o monitoramento com a Cruz Vermelha internacional e representantes da Organização Mundial da Saúde que estão no terreno.

Ele afirmou que a ONU conta com diversas equipes de especialistas em proteção, direito e princípios humanitários e está pronta para acompanhar as pessoas sendo retiradas inclusive até à Turquia, se elas assim escolherem. O Conselheiro informou, no entanto, que o destino da maioria das pessoas será Idlib, na Síria.

História

Egeland acredita “fortemente” que a “história de Alepo através dessa guerra será um capítulo negro na história das relações internacionais”.

Ele declarou que “foram necessários 4 mil anos e centenas de gerações para construir a cidade, no entanto, uma geração conseguir destruí-la em quatro anos”.

Ajuda

O Conselheiro disse aos jornalistas que a ONU faz o possível para prestar assistência aos que saíram. Estimativas são de que 50 mil pessoas foram deslocadas da cidade. A maioria recebeu assistência da ONU.

Ele afirmou que a organização não pôde fornecer proteção humanitária presencial a todas as pessoas porque não teve permissão para se mover livremente na área.

Dor

Para Egeland, “a experiência mais dolorosa de todas essas semanas e meses de trabalho” foi não ter tido condições de estar presente quando os civis sírios mais precisaram.

Ele afirmou que há 700 mil pessoas em 15 áreas sitiadas além do leste de Alepo que são símbolo dessa falta de presença e proteção.

O Conselheiro da ONU afirmou que “todas as partes no terreno são culpadas de bloquear acesso a trabalhadores humanitários internacionais”.  Egeland afirmou ainda “não se lembrar de uma guerra na última geração onde isso tenha sido um problema tão agudo”.

Ele disse ainda “esperar e rezar” para que isso mude e que as Nações Unidas estão prontas para prestar assistência.

Leia e Ouça:

Comissão pede que partes em conflito na Síria respeitem leis internacionais

Ban: prioridade na Síria é "parar a carnificina"

Zeid diz que "terror e assassinatos têm que acabar em Alepo" 

Photo Credit
Jan Egeland em coletiva de imprensa em Genebra. Foto: ONU/Luca Solari