Ucrânia e Rússia respondem a alegações de abusos de direitos humanos
Alto comissário das Nações Unidas destaca violações contra civis, em especial os que vivem na linha de contato entre forças do governo e da oposição; Ucrânia culpa a Rússia, que reclama da impunidade.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.*
Os abusos de direitos humanos na Ucrânia foram o destaque de uma sessão do Conselho de Direitos Humanos nesta segunda-feira.
O alto comissário da ONU para o setor, Zeid Al Hussein, falou sobre as violações contra os civis, especialmente os que vivem perto da “linha de contato” entre forças do governo e da oposição no leste do país.
Desespero
Ao responder as alegações de abusos, a Ucrânia culpou as agressões russas, enquanto a Rússia expressou “alarme” com a “atmosfera de criminalidade e de impunidade” no país.
No Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, o alto comissário da ONU lembrou que as alegações de abuso envolvem os dois lados em conflito. Zeid citou o desespero de uma mulher na região leste de Donetsk, tomada pela oposição.
Inferno
Ele explicou que a deslocada interna contou aos funcionários do Escritório de Direitos Humanos que ninguém escuta a população e que para conseguir ajuda, é “necessário passar por todos os ciclos do inferno”.
Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, pelo menos 9,7 mil pessoas foram mortas, sendo mais de 2 mil civis, devido à violência na Ucrânia desde meados de abril de 2014.
Os confrontos começaram quando milhares de pessoas fizeram protestos em Kiev, pressionando pela integração com a União Europeia.
Acusações
No Conselho de Direitos Humanos, o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Sergiy Kyslytsya, acusou a Rússia de fornecer armas aos combatentes separatistas.
Ele também afirmou que "assassinatos, torturas, assédios e desaparecimentos forçados" são comuns na Crimeia, mesmo após a sua anexação pela Rússia em 2014.
Em resposta, a Rússia reafirmou sua reivindicação territorial à Crimeia e disse que melhorou a situação das pessoas que vivem na região.
A delegação russa também declarou estar "chocada" com as alegações apontadas no relatório da ONU sobre violência sexual, tortura e detenção ilegal, que teriam sido realizadas pelos serviços de segurança ucranianos.
*Com reportagem de Daniel Johnson, da Rádio ONU em Genebra.
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