Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU e parceiros precisam de US$ 2,6 mil milhões para emergência no Sahel

ONU e parceiros precisam de US$ 2,6 mil milhões para emergência no Sahel

Baixar

Nações Unidas e ONGs parceiras lançaram apelo para fornecer assistência vital a 15 milhões de pessoas na região; segundo coordenador regional humanitário, Toby Lanzer, Sahel enfrenta desafios consideráveis e permanecerá como uma das maiores operações humanitárias do mundo em 2017.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.

As Nações Unidas e ONGs parceiras lançaram na quarta-feira em Dacar, no Senegal, um apelo de US$ 2,66 mil milhões para fornecer assistência vital a 15 milhões de pessoas nos oito países da região do Sahel.

Segundo o secretário-geral assistente e coordenador regional humanitário, Toby Lanzer, “o Sahel enfrenta desafios consideráveis e permanecerá local de uma das maiores operações humanitárias do mundo em 2017”.

Sofrimento humano

Em nota do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, Lanzer afirmou que “milhões de pessoas continuam a viver em condições deploráveis de sofrimento humano”.

O secretário-geral assistente ressaltou que as vidas e meios de subsistência desses indivíduos “estarão em jogo, a não ser que a comunidade humanitária, governos e doadores renovem seu compromisso para assistir e proteger aqueles com necessidades urgentes”. Ele também citou ajuda a estas comunidades para que se tornem menos expostas a choques.

Fuga e desnutrição

De acordo com o Ocha, uma em cada cinco famílias no Sahel continua extremamente frágil e 4,9 milhões de pessoas fugiram de suas casas. O Escritório calcula que em 2017 mais de 30 milhões de pessoas enfrentarão insegurança alimentar. Dessas, 12 milhões precisarão de ajuda urgente.

A desnutrição continua a atingir níveis críticos na região, especialmente no Chade e no nordeste da Nigéria, onde a incidência global de desnutrição agudo é de 30%, o dobro do considerado limiar de emergência.

Segundo Lanzer, na Bacia do Lago Chade, “onde a crise é mais aguda, 11 milhões de pessoas precisam de assistência de emergência e necessidades financeiras quase triplicaram desde o ano passado”.

Sobrevivência

O coordenador humanitário regional destacou que “500 mil crianças gravemente desnutridas precisam de ajuda imediata para sobreviver”. No Mali, ele afirmou que a “situação é estável, mas permanece extremamente preocupante devido à insegurança”.

Já no Burquina Fasso, Mauritânia e Senegal, Lanzer mencionou que a ausência de violência coincidiu com duas temporadas de chuva “relativamente boas”. Para o secretário-geral assistente, isso permitiu que comunidades se recuperassem de choques anteriores, com a ajuda de atores humanitários, e se tornassem mais resilientes”.

Crise tripla

Lanzer defendeu ser preciso “mais do que nunca” mudar de uma abordagem de “fornecer ajuda” para uma de “acabar com necessidades” porque, segundo ele, a “vulnerabilidade extrema no Sahel é o sintoma mais visível da tripla crise de governança, insegurança e mudança climática que afeta a região”.

O coordenador regional do Ocha ressaltou ainda a “explosão demográfica” que fará com que a “população da região dobre nos próximos vinte anos, a exacerbar ainda mais esta situação”.

Ele declarou que as agências da ONU e seus parceiros estão “comprometidos a fazer tudo o que podem para responder de forma rápida e eficaz às necessidades urgentes de indivíduos, famílias e comunidades afetadas”.

Lanzer ressaltou ainda que o Ocha continua a fortalecer a colaboração com governos e instituições das áreas de desenvolvimento e estabilização.

Leia e Oiça:

FAO quer proteger recursos naturais de zonas húmidas do Sahel

Enviado vê de perto destruição no nordeste da Nigéria

Seis milhões de civis do Sahel precisam urgentemente receber comida 

Photo Credit
A desnutrição continua a atingir níveis críticos na região, especialmente no Chade e no nordeste da Nigéria, onde a incidência global de desnutrição agudo é de 30%, o dobro do considerado limiar de emergência. Foto: Ocha/Federica Gabellini