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Mais de metade da população passa fome na capital do Sudão do Sul

Mais de metade da população passa fome na capital do Sudão do Sul

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Preço da cesta básica quadruplicou desde agosto; ONU indica que país vive hiperinflação que ultrapassou 800%; desafios incluem falta de acesso a serviços básicos, superlotação da cidade e limitações ao comércio devido ao conflito.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

As Nações Unidas alertam que o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar mais do que duplicou na capital sul-sudanesa, Juba, desde julho de 2015.  O preço da cesta básica ficou quatro vezes mais cara nos últimos quatro meses.

O Escritório dos Assuntos Humanitários disse que a  problema pode piorar entre janeiro a abril de 2017 e atingir o pico no chamado período de escassez entre maio a julho. Os níveis deverão ser mais altos já vistos na considerada época magra.

Aumento

Os mais de 260 mil afetados equivalem a mais da metade das famílias da maior cidade sul-sudanesa.

O problema deve-se ao aumento dos preços dos alimentos e de combustíveis em mais de metade, segundo um levantamento sobre segurança alimentar.

O estudo sublinha que nove em cada 10 famílias reduziram o número diário de refeições para cerca de metade e mais de 53% passaram dias inteiros sem comer.

A situação de insegurança alimentar na capital do mais novo país do mundo piorou, principalmente devido a uma taxa de inflação de 836 % registada em outubro, que é considerada sem precedentes.

Poder de Compra

A perda do valor da libra sul-sudanesa foi acompanhada pela que da das oportunidades de emprego, liquidação de ativos de empresas e a queda do poder de compra.

O problema é agravado pela falta de acesso a serviços básicos bem como a superlotação e as limitações ao comércio devido ao conflito que eclodiu em julho passado.

Os combates e o deslocamento em várias áreas do Sudão do Sul também afetam de forma negativa ao tratamento e à resposta ao vírus HIV.

Violência de género

Além da fuga de milhares de pessoas das suas casas desde o início da crise em dezembro de 2013, a violência baseada no género tem-se uma grande preocupação com a proteção no Sudão do Sul.

Houve limitações burocráticas e restrições de acesso que tiveram impacto negativo na capacidade de entidades humanitárias para ajudar aos necessitados.

Em 2016, cerca de 4,1 milhões de pessoas enfrentavam insegurança alimentar no país com 1,8 milhão deslocados internos e  mais de 1,1 mil milhão  de  refugiados nos países vizinhos.

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Deslocados internos que procuraram refúgio e proteção com a Unmiss. Foto: Unmiss/Eric Kanalstein (arquivo)