ONU precisa de US$ 22,2 mil milhões para fornecer ajuda humanitária em 2017
Total é 10,4% superior do que o apelo deste ano; Síria deve ter absorver 15% dos fundos pedidos esta segunda-feira; Angola e Moçambique são mencionados no apelo pelos efeitos do fenómeno climático El Niño.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
As Nações Unidas e parceiros precisam de US$ 22,2 mil milhões para satisfazer as necessidades humanitárias de 92,8 milhões de pessoas em 33 países no próximo ano.
A Síria é o maior destinatário dos fundos, com US$ 3,4 mil milhões. Cerca de 13,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, quase metade dos habitantes do país árabe.
Panorama
O valor total do apelo é 10,4% maior que o pedido inicial para este ano e tem quatro países a menos, segundo o Panorama Humanitário Global lançado esta segunda-feira pelo Escritório da ONU para Assuntos Humanitarios, Ocha.
A Rádio ONU falou com o encarregado dos Assuntos Humanitários do escritório. Rodolpho Valente destacou a situação da febre-amarela em África, que será uma das áreas que precisam ser financiadas. O surto também atingiu Angola em 2016.
“Nós temos, por exemplo, a República Democrática do Congo, onde 5,8 milhões de vacinas devem ser distribuídas para a febre-amarela.”
Angola é também destacada no documento pelas condições causadas pelo fenómeno climático El Niño, ao lado de Moçambique. Durante a época de plantio 2015/16, a região da África Austral viveu a pior seca em 35 anos.
Cerca de 13,6 milhões de pessoas recebem assistência na área que inclui o Lesoto, Madagáscar, Malaui, Suazilândia e Zimbabué, que vai se estender ao período entre janeiro a abril no culminar da escassez.
Valente falou também da participação dos países de língua portuguesa no apelo.
“Existiram vezes em que foram vítimas de desastres e de crises e de facto beneficiaram de apelos. Exemplos são as inundações em Moçambique e em outros países. Da mesma maneira países de língua portuguesa são um dos mais ativos a contribuir para esses apelos humanitários. Nós vimos muita solidariedade de parceiros das Nações Unidas como organizações da sociedade civil algumas vezes portuguesas e brasileiras que estão contribuindo àqueles que estão mais necessitados nessa hora difícil. ”
O apelo total para o próximo ano é 700% superior em relação ao que foi lançado em 1992.
Conflito na Síria
Em relação à Síria, os riscos de contaminação dos explosivos podem minar a segurança humana no país cujo conflito esteve na origem de um Plano Regional para os Refugiados e Resiliência de US$ 4,5 mil milhões.
A resposta do Ocha a crises e 2017 vai incluir países como Afeganistão, Burundi, Somália, Sudão e República Democrática do Congo presentes na lista dos últimos 25 anos.
Depois do ano 2000 integraram o grupo a República Centro-Africana, o Chade, o Iraque e os territórios palestinianos ocupados.
A crise política no Burundi piora e o número de pessoas que precisam de apoio de emergência triplicou para 3 milhões. Cerca de 1,2 milhões de pessoas do Sudão do Sul fizera o maior movimento de refugiados de África, Pelo menos 80% das pessoas que fugiram são mulheres e crianças.
Solução
Na Bacia do Lago Chade, a violência das milícias terroristas Boko Haram causa instabilidade e insegurança perante “poucos sinais de uma solução política”.
O acesso humanitário está bastante limitado e cresceu em complexidade em países como o Iraque, o Sudão do Sul, Síria e Iémen, impedindo humanitários de levar a cabo o seu trabalho e deixando as pessoas afetadas sem serviços básicos e proteção.
O conflito fez com que a região tivesse um défice da produção de cereais de 9,3 milhões de toneladas além da grave falta de água que causou a crise humanitária.
O número inclui 4,9 milhões de pessoas sitiadas que enfrentam “ameaças sem precedentes em áreas de difícil acesso.” A insegurança alimentar afetou afetou mais de 7 milhões de pessoas.
Necessidades
O apelo também destaca conflitos novos que exigem uma resposta urgente de vários níveis. Um dos exemplos é o Afeganistão onde as necessidades aumentam devido ao deslocamento em massa e conflitos prolongados.
Segundo o Ocha, agências de auxílio na Síria precisam de proteção e as necessidades humanitárias devem crescer exponencialmente se as hostilidades continuarem e não for encontrada qualquer solução política.
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