Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU contará com contribuições para realizar estratégia contra cólera no Haiti

ONU contará com contribuições para realizar estratégia contra cólera no Haiti

Baixar

Conselheiro especial do secretário-geral para a resposta ao cólera no Haiti, David Nabarro, diz que é preciso contar com o esforço dos países-membros para financiar o combate à infecção; iniciativa requer US$ 400 milhões em dois anos.

Monica Grayley e Eleutério Guevane, da Rádio ONU.

A nova estratégia de combate ao cólera no Haiti dependerá da ajuda financeira dos países-membros da ONU e da comunidade internacional.

A medida é parte de um novo plano de combate à doença que matou pelo menos 9 mil haitianos desde o início do surto em outubro de 2010.

Comunidades afetadas

Com os esforços de autoridades haitianas e da comunidade internacional, houve uma redução de 90% nos casos de novas infecções se comparado aos momentos de pico.

Nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou uma nova estratégia para erradicar o cólera do Haiti e atender diretamente as comunidades afetadas.

O conselheiro especial do secretário-geral para a resposta ao cólera no país caribenho, David Nabarro, concedeu uma entrevista a jornalistas antes do anúncio e disse que a resposta deve contar com a ajuda ativa de países-membros para financiar o plano de combate.

Fundo especial

Segundo o especialista, a ONU não tem reserva de dinheiro e para apoiar o combate ao cólera nas comunidades haitianas é preciso discutir o tema com os países-membros que podem fazer contribuições voluntárias ou destinar verbas de um fundo especial. Nabarro disse que é preciso contar com um esforço coletivo.

David Nabarro falou ainda da importância da construção de uma infraestrutra forte nas áreas de saneamento básico e fornecimento de água tratada.

O médico explicou que onde existe um serviço eficiente de saneamento básico o cólera não sobrevive. Nabarro lembrou que esta primeira parte da nova estratégia da ONU é muito importante porque somente 25% dos haitianos têm acesso a esgoto tratados.

Aspecto comunitário

Nabarro conversou com jornalistas ao lado do vice-secretário-geral Jan Eliasson. Segundo Eliasson, a nova estratégia da ONU tem um aspecto comunitário que deverá “fazer a coisa certa” para o povo haitiano.

Jan Eliasson destacou que existe um compromisso real para o esforço que terá que ser feito para acabar com a doença. Ele lembrou que a ONU “lamenta realmente a perda das vidas, o sofrimento e o fato de não se ter feito o suficiente para o fim da epidemia.”

O vice-chefe da ONU afirmou que os projetos comunitários serão discutidos para determinar o melhor pacote para comunidades, que podem envolver aspectos como microfinanças e outros que incluem subsídios de educação para as famílias das vítimas.

Eliasson contou que a meta é angariar US$ 200 milhões para a segunda parte. O plano total é de US$ 400 milhões para dois anos.

O vice-secretário-geral da ONU espera que os Estados-membros participem de forma positiva nesta abordagem. Eliasson comentou sinais de apoio especialmente de países da América Latina e do Caribe e de outras nações.

Ele disse que a busca da solução vai continuar com o novo secretário-geral, António Guterres, particularmente para a segunda parte do plano. Eliasson frisou que Guterres está a par do assunto.

Photo Credit
A nova estratégia de combate ao cólera no Haiti dependerá da ajuda financeira dos países-membros da ONU e da comunidade internacional. Foto: Minustah/Logan Abassi