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Brasil diz que violência armada ameaça estabilidade em áreas de conflito

Brasil diz que violência armada ameaça estabilidade em áreas de conflito

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Vice-embaixador brasileiro junto à ONU fez a declaração durante reunião sobre “Programas de Redução de Violência Comunitária”; Carlos Duarte afirmou que país tem apoiado essas iniciativas nos últimos 10 anos.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O vice-embaixador do Brasil junto à ONU, Carlos Duarte, afirmou que “os altos níveis de violência armada ameaçam a estabilidade e desenvolvimento em regiões de conflito”.

A declaração foi feita esta quarta-feira durante reunião para marcar o 10º aniversário dos Programas para Redução da Violência Comunitária nas Missões de Paz da ONU.

Brasil

Em entrevista à Rádio ONU, em Nova York, Duarte falou sobre a participação do Brasil nas iniciativas das Nações Unidas.

“Um grande exemplo que temos aí, uma participação mais direta do Brasil é no Haiti, na Missão de Estabilização da ONU, Minustah. Esse tipo de projeto tem, de fato, contribuído para redução da violência e é algo que contribui para alcançar o objetivo da redução da violência e a eliminação das condições que causam o conflito.”

Para o embaixador, esses programas são um “exemplo tangível de como as operações de paz podem lidar com questões como pobreza, desigualdade de gêneros e fragilidade das instituições”.

Ele citou também a ação das tropas da ONU para ajudar a combater a exclusão de jovens do mercado de trabalho e a reduzir as disputas de territórios e recursos naturais.

O representante brasileiro falou ainda que “deve ser dada mais ênfase à interdependência entre segurança e desenvolvimento e o seu impacto nas operações de paz”.

Conselho de Segurança

Duarte lembrou que durante a última presidência rotativa do Brasil no Conselho de Segurança, em fevereiro de 2011, o país propôs um debate aberto sobre o tema.

Segundo o vice-embaixador, a Comissão de Consolidação da Paz, PBC na sigla em inglês, que o Brasil presidiu em 2014, está “bem preparada para trabalhar na ação para evitar que países que estejam saindo de conflitos voltem aos combates”.

O diretor da ONG Viva Rio, Rubem César, também participou do encontro. Em entrevista à Rádio ONU, ele falou sobre o trabalho da organização no país.

“Eu trabalhava sobretudo numa região chamada Bel Air, Grande Bel Air, que é a grande região ao redor de Bel Air, também Cité Soleil, depois Canaã e mais ao norte ainda Cote des Arcadins. Bel Air foi uma das regiões mais afetadas pelo terremoto. Aos poucos, Bel Air e a comunidade de Bel Air vêm se reestruturando. Agora, há um projeto em que a gente trabalha de aproximação entre a polícia e as lideranças jovens da comunidade.”

Sucessos e Fracassos

César mencionou sucessos e desafios nas operações no Haiti. Segundo ele, é muito difícil enfrentar um terremoto que destruiu tudo que se tentava construir.

A ONG Viva Rio atua no Haiti desde 2004. César contou que quando a situação começou a melhorar, em outubro de 2009, houve uma conferência de empresários em Porto Príncipe que queriam investir no país.

Mas, Rubem César disse que dois meses após a reunião, houve o terremoto que “derrubou o país e trouxe de volta os fantasmas que eles enfrentavam no passado”.

Apesar disso, ele afirmou que “com todas as dificuldades a longo prazo, o Haiti está progredindo”.

Photo Credit
Foto: Minustah/Logan Abassi