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Conselheiro sobre genocídio diz temer pelo povo do Sudão do Sul

Conselheiro sobre genocídio diz temer pelo povo do Sudão do Sul

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Representante da ONU receia potencial da violência étnica; no fim da visita ao país; Adama Adieng revela que meios de comunicação e redes sociais espalham ódio e incentivam polarização.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O conselheiro especial da ONU para a Prevenção do Genocídio disse estar consternado depois de confirmar as suas preocupações de um “forte risco da escalada da violência étnica, com potencial de genocídio” no Sudão do Sul.

Falando a jornalistas esta sexta-feira em Juba, Adama Adieng disse que observou uma polarização extrema entre certos grupos tribais. Esse problema “tem aumentado em alguns locais desde o início da violência em julho deste ano”.

Filiação política

O enviado revela que há “uma retórica inflamatória, estereótipos, assassinatos direcionados, estupro de membros de certos grupos étnicos e ataques violentos contra indivíduos ou comunidades com base na perceção da filiação política”.

Adieng destacou haver ações de meios de comunicação, incluindo redes sociais, para espalhar o ódio e incentivar a polarização étnica. Ele revelou também que há “cartas que ameaçam grupos específicos”, que surgiram no mês passado.

O representante disse estar particularmente apreensivo com o envolvimento da juventude na “disseminação perigosa de ódio e hostilidade”, uma vez que o grupo é particularmente suscetível a divisões na sociedade.

Atrocidades

Adieng disse que os responsáveis e as vítimas não são homogéneos, o que torna muito complexo avaliar o risco de atrocidades no Sudão do Sul.

Ele revelou que chegou em Juba na segunda-feira para responder à crescente preocupação com os acontecimentos que incluem relatos de violência direcionada contra vários grupos étnicos.

Adieng expressou extrema tristeza e preocupação após ter observado o estado atual do Sul do Sudão e que “receia pelo seu povo”.

O enviado sublinha que mesmo que o conflito se torne cada vez mais complexo, ainda subsistem os efeitos da violência iniciada em dezembro de 2013 e que as violações cometidas na época não foram contabilizadas.

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Photo Credit
Adama Dieng. Foto: ONU/Manuel Elias (arquivo)