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Violações de direitos humanos em Alepo são crimes de guerra

Violações de direitos humanos em Alepo são crimes de guerra

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Afirmação é do alto comissário da ONU, Zeid Al Hussein; Conselho de Direitos Humanos faz sessão especial sobre a cidade síria; milhares de pessoas não conseguem sair da cidade e enfrentam escassez de comida e de medicamentos.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Conselho de Direitos Humanos realiza uma sessão especial esta sexta-feira, em Genebra, sobre a cidade síria de Alepo. O alto comissário da ONU Zeid Al Hussein descreveu os mais de cinco anos de guerra no país entre forças do governo e da oposição como “a crise de direitos humanos da nossa era”.

Zeid espera que todos os envolvidos no conflito sejam responsabilizados pelas mortes de cerca de 300 mil civis, sem contar a situação de milhões de sírios que tiveram que abandonar suas casas.

Crimes de Guerra

A equipe do alto comissário de direitos humanos documentou violações da lei internacional cometidas em Alepo por todas as partes em confronto.

Grupos armados da oposição disparam projéteis e morteiros em bairros com civis, mas as forças do governo e aliados realizam ataques aéreos que estão matando muitos moradores.

Segundo Zeid Al Hussein, “essas violações são crimes de guerra”. E se cometidas de propósito como parte de ataques sistemáticos contra civis, as ações “constituem crimes contra a humanidade”.

Resolução

A expectativa é de que o Conselho de Direitos Humanos vote nesta sexta-feira uma resolução sobre Alepo. A cidade tem milhares de centenas de pessoas cercadas em 17 áreas, enfrentando escassez de comida, de medicamentos e de itens básicos.

O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, esperava conseguir retirar da cidade pessoas gravemente feridas e doentes esta sexta-feira, mas a agência não conseguiu realizar a operação.

O presidente da Comissão de Inquérito sobre a Síria também participou da sessão do Conselho de Direitos Humanos. Paulo Sérgio Pinheiro acredita que “acabar com a guerra depende das negociações políticas, deixando para trás qualquer crença de que uma vitória militar é possível”.

Segundo Pinheiro, “numa guerra em que ganhar vale mais do que as vidas dos compatriotas, o retorno ao processo político é mais necessário do que nunca”.

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Photo Credit
O Conselho de Direitos Humanos em sessão especial nesta sexta-feira, em Genebra. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré.