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ONU quer medidas para combater uso de mercenários na República Centro-Africana

ONU quer medidas para combater uso de mercenários na República Centro-Africana

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Grupo de trabalho pediu ao governo que enfrente o problema para evitar uma escalada da violência no país;  mais de 500 estrangeiros são de países como Camarões, Chade, Níger e Sudão; conflito em 2013 gerou 10 mil crianças-soldado.

Monica Grayley, da Rádio ONU.

O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Mercenários pediu à República Centro-Africana que enfrente o que chamou de ameaça de combatentes estrangeiros no país. Segundo o grupo, os mercenários estão se juntando a bandos armados locais e causando o  aumento da violência.

Eles estariam sendo integrados, na maioria dos casos, aos Selekas, como é conhecido o grupo muçulmano no país. Isso tem provocado destruição e caos, de acordo com um dos especialistas em direitos humanos, Anton Katz.

Peritos

O Grupo de Trabalho concluiu uma visita à República Centro-Africana para conhecer o problema de perto. De acordo com os peritos, os mercenários vêm de países com Camarões, Chade, Níger e Sudão. Katz disse ainda que são mais de 500 mercenários que estão a tirar vantagem do estado de fragilidade para se enriquecerem através das atividades criminosas

Segundo o perito, a presença de combatentes estrangeiros na República Centro-Africana mina gravemente o direito dos cidadãos dos países à autodeterminação, além de pôr em perigo à estabilidade.

Por causa do conflito em 2013, mais de 5 mil pessoas perderam a vida. A vaga levou ainda 450 mil centro-africanos a se refugiarem em países vizinhos e 6 mil foram vítimas de violência sexual. Uma outra consequência da guerra foi o deslocamento de 380 mil pessoas e o recrutamento forçado de 10 mil crianças-soldado.

Falhas

A entrada de mercenários deveu-se ainda a falhas nas fronteiras. A República Centro-Africana é rica em recursos naturais. Muitos foram à procura de receber pagamento em diamantes, ouro, urânio e até petróleo. A população ficou ainda à mercê de crimes como tráfico e contrabando, além de roubos e pilhagens.

Por último, o Grupo de Trabalho manifestou preocupação com o Exército da Resistência do Senhor, LRA na sigla em inglês, que tem levado ao aumento da violência no sudeste da região nos últimos meses.

O LRA é composto em sua maioria por pessoas de Uganda, mas também inclui membros do Níger, da República Democrática do Congo e do Sudão.

O Grupo de Trabalho da ONU visitou a capital Bangui e a cidade de Bria, e se reuniu com representantes do governo, do Judiciário e da sociedade civil, além de grupos armados e vítimas de violações dos direitos humanos.

Eles devem apresentar um relatório sobre a visita ao Conselho de Direitos Humanos nos próximos meses.

Photo Credit
Foto: ONU/Tobin Jones (arquivo)