Embaixador do Brasil diz que António Guterres conquista "corações e mentes"
Antonio Patriota disse que secretário-geral alcança “corações e mentes”; chefe da Missão, que se despede do cargo, esta semana afirmou que seu país saudou o processo transpartente de seleção do novo líder da ONU.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*
O Brasil está entre as vozes que saudaram o processo de seleção do novo líder da ONU. Nesta quinta-feira, António Guterres será designado 9º secretário-geral das Nações Unidas. Um evento na Assembleia Geral marca a última etapa da seleção após o candidato português ter sido recomendado pelo Conselho de Segurança.
A Rádio ONU ouviu o embaixador do Brasil que se despede do cargo esta semana. Antonio Patriota disse haver vários fatores por detrás da conquista da indicação por Guterres, numa disputa que envolveu seis homens e sete mulheres.
Naturalidade
“Desde o início nós sabíamos da força intelectual, da experiência profissional e da visão e capacidade de conquistar corações e mentes do engenheiro António Guterres. De modo que não é surpresa que tenha no final prevalecido esta corrente favorável a uma candidatura que acabou se impondo com muita naturalidade.”
Para Patriota, uma das peças fundamentais para o sucesso da era Guterres será a inclusão dos Estados “que se sentem mais excluídos” em processos de decisão da ONU e nos esforços para criar estabilidade.
O diplomata acredita que os desafios do mundo contemporâneo como o terrorismo não podem ser resolvidos individualmente pelos países. Patriota prevê que Guterres tenha grandes decisões à sua espera.
Futuro
“(Há) alguns exemplos de êxito da organização confrontado desafios como na mudança do clima, a agenda de desenvolvimento sustentável. A organização está cada vez mais envolvida também nas questões de saúde relacionadas a situações como do ebola, do zika. Acho que isso vai continuar no futuro incluindo o problema mundial das drogas e dos ilícitos transnacionais. Existem áreas onde os consensos vão sendo formados. O grande desafio para António Guterres é construir consensos em relação à promoção da paz e segurança internacionais. É nesse campo em que há um déficit de realizações e por consequência um défice de credibilidade para a organização.”
Patriota, que esta semana deixa de representar o Brasil na sede das Nações Unidas, declarou que o país teve um papel para a maior transparência do novo modelo de escolha de candidato para chefiar a organização. Pela primeira vez, o processo incluiu entrevistas dos concorrentes ao posto.
A Carta da ONU prevê que a Assembleia Geral aclame ou alternativamente opte pela votação secreta do candidato a secretário-geral. Com a confirmação, Guterres deve ocupar o cargo entre 2017 e 2021.
*Apresentação: Monica Grayley.
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