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Nações Unidas apoiam encontro sobre Marcha Mundial das Mulheres em Maputo

Nações Unidas apoiam encontro sobre Marcha Mundial das Mulheres em Maputo

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Representante da ONU Mulheres descreve evento como “momento simbólico”; Florence Raes aponta vontade política em prol de direitos femininos; encontro aborda desafios enfrentados para vencer pobreza e “violência sexista”.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

Maputo acolhe até sábado, 15 de Outubro, o décimo Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. O evento decorre sob lema “Mulheres em Resistência: Construindo Alternativas por um Mundo Melhor”.

Em entrevista à Rádio ONU, na capital de Moçambique, a representante da ONU Mulheres no país, Florence Raes, destacou a importância do evento.

Consenso

“Mostra que tem vontade política para abraçar a questão dos direitos das mulheres e duma maior igualdade entre homens e mulheres, com certo consenso nacional e tendo uma legitimidade dentro da agenda do país, apesar de ser um evento organizado pela sociedade civil.”

Florence Raes disse ainda que a presença da agência no encontro é para auscultar os problemas que afligem a mulheres na atualidade e ajudar a legitimar o encontro.

Entre os participantes estão representantes dos cinco continentes para analisar ações desenvolvidas, conquistas, lições aprendidas e desafios enfrentados para vencer a pobreza e a “violência sexista”.

Denúncias

Em representação da província do Niassa, no norte, Clara Armando disse que a maior preocupação que gostava de ver resolvida é a proteção para casos de denúncias.

“Um dos desafios que nós enfrentamos é a questão de não sermos protegidas. Nós denunciamos um professor, mas depois acabamos chumbando (reprovamos). Existem meninas que reprovaram porque denunciaram um professor. Nós precisamos de ter maior proteção para que as raparigas continuem a denunciar este tipo de casos, porque na verdade estão a sofrer. Por falta desta proteção acabam ficando caladas porque têm ameaças. Ninguém gosta de “chumbar” e elas acabam ficando caladas para que não possam prejudicar o seu futuro.”

Desafios

A presidente do Fórum Mulher, Maria Paula Vera Cruz, considera positiva a realização do evento. Ela elogiou a contribuição das agências das Nações Unidas nos desafios enfrentados para que sejam observados os direitos femininos.

“As Nações Unidas têm nos dado bastante apoio. No sentido de que nos conectam com o mundo inteiro, com outras organizações internacionais. Têm dado um apoio técnico porque estas coisas de fazer advocacia se apreendem. O Unicef tem apoiado na área dos direitos sexuais reprodutivos. O Unfpa é um grande parceiro nosso nos projetos ligados aos direitos sexuais reprodutivos e as próprias raparigas. Temos tido um grande apoio das Nações Unidas.”

A Marcha Mundial das Mulheres foi instituída no ano 2000, no Canadá, com uma histórica mobilização que reuniu mulheres de todo mundo numa campanha contra a pobreza e a violência.

As ações decorreram desde o Dia Internacional da Mulher, 8 de março,  a 17 de outubro, organizadas a partir do movimento “2000 razões para marchar contra pobreza e a violência sexista”.

Photo Credit
Foto: Rádio ONU/Ouri Pota