Perspectiva Global Reportagens Humanas

Especialista reage após relatos de pesquisa de emails de clientes do Yahoo

Especialista reage após relatos de pesquisa de emails de clientes do Yahoo

Baixar

De acordo com as informações milhões de contas teriam sido alvos da ação a pedido da inteligência dos EUA;  perito independente defende que se isso tiver ocorrido poderia comprometer a privacidade dos usuários.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Um especialista da ONU destaca “graves preocupações de direitos humanos” após relatos de que a companhia Yahoo teria “pesquisado e-mails de centenas de milhões de clientes a pedido da inteligência norte-americana”.

A nota do relator especial das Nações Unidas sobre o direito à liberdade de opinião e expressão foi emitida esta sexta-feira em Genebra.

Critérios

David Kaye  cita relatos de que a Yahoo teria criado um software para verificar o tráfego de e-mails com “informação sensível aos critérios estabelecidos pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos ou pelo Bureau Federal de Investigação”.

Kaye disse que o monitoramento das comunicações digitais pelo Governo, se tiver sido feito segundo como é descrito, “poderia comprometer a privacidade que as pessoas dependem para procurar, receber e transmitir informações online.”

Padrões

O especialista explicou que com base nessas alegações ele tem “sérias preocupações de que a suposta vigilância não cumpra os padrões de necessidade e de proporcionalidade para a proteção dos interesses públicos legítimos."

Kaye cita um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2013, sobre a vigilância de comunicações.

No documento, o seu predecessor Frank La Rue, concluiu que a busca do acesso do governo a dados de comunicações de empresas domésticas só deve ser “em circunstâncias em que forem esgotadas outras técnicas menos invasivas disponíveis."

Vigilância

O perito revela que a aparente adesão do Yahoo aos pedidos de vigilância do governo, “sem evidências de contestação legal também levanta preocupações sobre o envolvimento de empresas de tecnologia em programas governamentais questionáveis que impactam a liberdade de expressão.”

Kaye lembrou um relatório por ele apresentado em junho, no qual menciona “pressões inegáveis sobre o setor de tecnologia da informação e comunicação privada que muitas vezes levam a sérias restrições à liberdade de expressão.”

O especialista enfatiza que empresas em todas as áreas industriais “podem estabelecer e exercer diferentes graus uso e tecnologia nas suas relações com os Estados para resistir ou atenuar danos causados pela aplicação abusiva da lei."

O relatório destaca ainda que “entidades privadas devem ser avaliadas sobre os passos que dão para promover ou minar a liberdade de expressão mesmo em ambientes hostis aos direitos humanos”.

*Apresentação: Leda Letra.

Leia Mais:

Agência da ONU fecha acordo para combater emails indesejados na internet

Photo Credit
David Kaye. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré