ONU quer investigação independente após mortes em festa religiosa na Etiópia
Escritório de Direitos Humanos indica falta de confiança na versão dos acontecimentos das autoridades; nota revela haver “informações radicalmente diferentes” sobre o número de mortos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU pediu autorização para o acesso de observadores independentes a duas regiões etíopes após mortes ocorridas no domingo num festival no sul da capital, Adis Abeba.
Nas regiões de Oromia e Amhara a intenção da equipa seria “abordar todos os lados e avaliar os factos.”
Confrontos
Uma nota emitida esta sexta-feira, em Genebra, destaca que é preciso medidas mais concretas do Governo da Etiópia para lidar com os “confrontos crescentes” em várias cidades na região de Oromia.
Nos protestos que começaram a 2 de outubro várias pessoas perderam a vida após terem caído em valas e no lago Arsede, quando “aparentemente fugiam de forças de segurança após um protesto num festival religioso na cidade de Bishoftu”.
Agências de notícias informaram que o número de vítimas pode chegar a 55.
Conduta
De acordo com o porta-voz do escritório, “a falta de confiança” na versão dos acontecimentos dada pelas autoridades teria alimentado as manifestações. O outro motivo seriam “informações radicalmente diferentes” sobre o número de mortos e a conduta das forças de segurança.
O comunicado pede moderação aos manifestantes e que estes “renunciem ao uso da violência”. O apelo feito às forças de segurança é que obedeçam as leis e normas internacionais de direitos humanos.
Segundo o escritório, há “claramente uma necessidade de uma investigação independente sobre o que exatamente teria ocorrido a 2 de outubro”.
Protestos
O outro pedido é que garantam prestação de contas por este e vários outros incidentes ocorridos desde novembro 2015, envolvendo protestos que terminaram violentamente.
O documento menciona ainda que o acesso a serviços de dados móveis foi cortado em algumas partes do país que incluem Adis Abeba.
O escritório também expressou preocupação com a prisão esta semana dos blogueiros Seyoum Teshoume e Natnael Feleke.
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