No Parlamento Europeu, Ban pede ratificação do Acordo de Paris
Secretário-geral da ONU diz que adesão rápida seria “uma conquista notável” para qualquer acordo internacional; decisão concede aos membros do bloco possibilidade de ratificar o tratado sobre mudança climática.
Monica Grayley, da Rádio ONU.
As Nações Unidas querem que a União Europeia se some à promoção para ratificação do Acordo de Paris, o tratado de combate à mudança climática.
Num discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o secretário-geral da ONU pediu o apoio dos parlamentares para enfrentar o que chamou de “desafio da era”.
Negociações
Ban Ki-moon saudou a liderança dos deputados europeus em reconhecer que a mudança climática é uma ameaça séria para o mundo. Ele lembrou ainda da participação do Parlamento nas negociações que deram origem à Convenção da ONU sobre o tema, Unfccc.
O continente tem ainda, segundo o líder das Nações Unidas, tradição na promoção do uso de energia limpa.
De acordo com Ban, é preciso manter este legado apoiando a rápida ratificação do Acordo de Paris. Para entrar em vigor, o documento requer a ratificação de pelo menos 55 países responsáveis por 55% das emissões de gases que causam o aquecimento global.
Portugal
Em seu discurso, o chefe da ONU lembrou que este apoio do Parlamento Europeu é fundamental para que os 28 países do bloco, que integram as Nações Unidas, possam estar livres para ratificar o documento caso queiram.
Antes da viagem de Ban à Europa, a Rádio ONU ouviu o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o tema durante a participação dele nos debates da Assembleia Geral, no mês passado.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou da relação com a União Europeia ao ser perguntado se o país ratificaria o Acordo.
“Portugal, não obstante, está integrado numa realidade que á a União Europeia. E portanto, há uma conjugação de vontades. E Portugal está a fazer tudo que é necessário com outros Estados-membros para que esta ratificação possa ocorrer e possa ocorrer o mais rápido possível.”
História
Portugal é o único país de língua portuguesa a integrar a União Europeia.
Ainda em seu discurso em Estrasburgo, o secretário-geral da ONU lembrou que o Parlamento Europeu pode ajudar a fazer história ao apoiar o Acordo de Paris.
Ban Ki-moon citou a decisão da Índia, no início deste semana, em ratificar o tratado juntando-se a um grupo de 31 nações que confirmaram o documento durante o Encontro de Alto Nível sobre o tema, realizado em setembro em Nova York.
Economia de baixo carbono
O chefe da ONU também destacou que os dois maiores emissores de dióxido de carbono, China e Estados Unidos, já entregaram seus instrumentos de ratificação.
Com isso, 62 nações ratificaram a proposta de combate à mudança climática levando a ONU muito perto de atingir a marca dos 55% para que o tratado entre em vigor. No momento, foram atingidos 52% das emissões.
Para Ban Ki-moon, a iniciativa ajudaria a transformar o mundo numa economia de baixo carbono e altas oportunidades de resiliência para manter o nível de aumento da temperatura global abaixo dos 2 graus centígrados.
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