Perspectiva Global Reportagens Humanas

Representante da ONU diz que Alepo está sendo “espancada”

Representante da ONU diz que Alepo está sendo “espancada”

Baixar

Stephen O’Brien afirma que 275 mil pessoas estão sob cerco na cidade da Síria, enfrentando bombardeios e risco de assassinato; ele fala em “nível de selvageria a qual nenhum humano deveria ser submetido”.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O subsecretário-geral da ONU para Assistência Humanitária está muito alarmado com a situação em Alepo, no norte da Síria. Para Stephen O’Brien, a cidade está “sendo espancada” e 275 mil pessoas estão sob cerco.

Bombardeios e ataques continuam num nível “chocante”, enquanto civis são mortos e “sujeitos a um nível de selvageria a qual nenhum humano deveria ser submetido”.

Hospitais

Ao fazer as declarações sobre a cidade síria, O’Brien também falou sobre o sistema de saúde, que está destruído. Recentemente, três hospitais foram atacadados, incluindo um centro pediátrico que atendia milhares de crianças doentes ou feridas.

Com a falta de água potável e de comida, o número de pessoas que precisam de assistência médica deve aumentar nos próximos dias. O representante da ONU revela que os civis em Alepo estão aterrorizados, cercados e sem ter para onde ir, sujeitos a bombas, morteiros e ataques com armas.

Stephen O’Brien fala em uma “corrida contra o tempo para proteger e salvar os civis no leste da cidade síria”. Segundo ele, é necessário “ação urgente para acabar com esse inferno, e palavras não são suficientes”.

Horror

O’Brien faz um apelo “pelo bem da humanidade”, pedindo a todos os lados em conflito para acabarem com todas as ações que resultam na morte de civis e na destruição de infraestruturas.

É necessário também um sistema para retirar da cidade todos os que precisam de assistência médica, além do acesso sem restrições de trabalhos humanitários no local. Para O’Brien, agora é “hora de reconhecer a gravidade do horror na Síria e agir antes que seja tarde”.

O presidente do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança também se pronunciou sobre a situação em Alepo, lembrando que Síria e Rússia ratificaram a Convenção sobre os Direitos da Criança.

Medicamentos

Benyam Dawit Mezmur explica que por isso, as crianças não podem ser recrutadas para o combate nem utilizadas como soldados. Os menores de idade não podem ser alvo do conflito, nem as infraestruturas frequentadas por crianças, como escolas e hospitais.

O especialista em direitos humanos ressalta que mesmo se a guerra na Síria acabasse hoje, “seriam necessárias décadas para que Alepo e outras cidades se recuperassem da destruição”, sem contar o tempo para que as crianças se recuperem dos traumas psicológicos impostos pelo conflito.

No domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, conseguiu entregar 11 toneladas de medicamentos na cidade de Al-Qamishli, no noroeste da Síria. Esse foi o primeiro lote que chegou por avião na área desde dezembro do ano passado.

Leia e Ouça:

Ban autoriza investigação para apurar ataque a comboio humanitário na Síria

OMS pede retirada imediata de doentes e feridos da Síria

"Síria está sangrando", alerta chefe humanitário da ONU

Photo Credit
Com a falta de água potável e de comida, na Síria, o número de pessoas que precisam de assistência médica deve aumentar nos próximos dias. Foto: Unicef/Khuder Al-Issa