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“Até um matadouro é mais humano”, diz chefe da ONU sobre ataques na Síria

“Até um matadouro é mais humano”, diz chefe da ONU sobre ataques na Síria

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Secretário-geral das Nações Unidas citou ao Conselho de Segurança relatos de ataques aéreos a mais dois hospitais em Alepo; para Ban Ki-moon, aqueles usando “armas cada vez mais destrutivas” na Síria sabem que estão “cometendo crimes de guerra”.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, participou nesta quarta-feira de um debate aberto no Conselho de Segurança sobre cuidados de saúde em conflito armado.

Discursaram na reunião, os presidentes das instituições Médicos Sem Fronteiras, MSF, Joanne Liu, e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer.

Síria

Ao tomar a palavra, Ban falou sobre relatos de novos ataques aéreos a mais dois hospitais de Alepo, que teriam ocorrido na manhã desta quarta-feira, na Síria.

Para o chefe da ONU, os que estão usando armas “cada vez mais destrutivas sabem exatamente que estão cometendo crimes de guerra”.

Matadouro

“Imaginem a destruição”, disse Ban em seu discurso. “Pessoas com os membros arrancados, crianças com dor terrível sem alívio, infectadas, sofrendo. Morrendo, sem ter aonde ir, sem poder imaginar o fim”.

O secretário-geral pediu: “imaginem um matadouro”. E alertou: “Isso é pior. Até um matadouro é mais humano”.

Ataques

Ban ressaltou ainda que hospitais, clínicas, ambulâncias e equipes médicas em Alepo estão sob ataque todo o tempo.

O chefe da ONU também mencionou atentados a trabalhadores e centros de saúde no Iêmen e no Paquistão, e afirmou ao Conselho que deve haver ação e prestação de contas.

Lei Internacional

Ele ressaltou ainda que a “lei internacional é clara: trabalhadores, instalações e transportes médicos devem ser protegidos”.

O secretário-geral também lembrou que os feridos e os doentes, tanto civis quanto combatentes, devem ser poupados.

Crimes de Guerra

Ban afirmou que “ataques deliberados a hospitais são crimes de guerra”. E declarou ainda que negar às pessoas o acesso a cuidados de saúde essenciais é uma violação da lei humanitária internacional.

Ele pediu ao Conselho de Segurança que tome “medidas decisivas” para que a proteção de profissionais e instalações de saúde durante conflitos seja uma realidade.

Mais do que isso, o chefe da ONU fez um apelo para que os integrantes do órgão “ultrapassem suas divisões e cumpram com suas responsabilidades na Síria e ao redor do mundo”.

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Criança em hopital em Alepo, na Síria. Foto: Unicef/Alessio Romenzi