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África espera que Acordo de Paris entre em vigor “antes do tempo”

África espera que Acordo de Paris entre em vigor “antes do tempo”

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Secretário executivo da Comissão Económica da ONU para o continente disse haver ansiedade para que sejam correspondidas ambições e expectativas do continente; Carlos Lopes falou dos temas mais relevantes para africanos nesta Assembleia Geral.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Carlos Lopes, disse haver grande expectativa de países de África com a possível entrada em vigor do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.

Para que o tratado entre em vigor este ano deve ser formalmente adotado por 55 países que representam 55% das emissões. Vários Estados continuam a ratificar o documento em Nova Iorque, onde esta quarta-feira decorreu um Evento de Alto Nível sobre a Entrada em Vigor do Acordo de Paris.

Temas Importante

O também chefe da Comissão Económica das Nações Unidas para África, respondia a uma questão da Rádio ONU sobre os temas mais importantes para o continente na 71ª Assembleia Geral.

“Parece que vamos ter o número suficiente e, se assim for, vai ser um logro antes do tempo porque não estava previsto que fosse tão rápido. Isso vai permitir concentrar as atenções. É um acordo difícil, do ponto de vista de implementação, porque existe grandes sacrifícios, mas os Estados Unidos e a China surpreenderam muitos quando, às margens do G20, que teve lugar em Hangzhou, assinaram o acordo. Portanto, eu acho que com estes dois grandes emissores dentro da casa, há uma esperança que as coisas possam correr bem.”

Carlos Lopes destacou que no tratado é também fundamental para África a questão dos  recursos financeiros. O Acordo de Paris prevê que em 2025 seja reforçada a meta de US$ 100 mil milhões por ano de auxílio às nações em desenvolvimento.

Ambiçõess e Expectativas

“Programas nacionais foram muito mais ambiciosos em África que no resto do mundo, o que é, de uma certa forma, um paradoxo, porque os africanos são os que menos emitem, menos de 4% das emissões globais. No entanto, tiveram essa ambição grande de tentar mostrar que é possível um futuro diferente. Há uma certa ansiedade de ver se os outros também vão corresponder ao mesmo tipo de ambições e expectativas. Isso é muito importante para os africanos do ponto de vista dos recursos.”

Lopes destacou que, para os países de África, “qualquer declaração sobre as promessas da Cimeira de Paris é bem-vinda”. Os outros temas relevantes para África são “migrantes e refugiados, e o início da implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”.

O acordo prevê limitar a subida a temperatura global muito abaixo de 2ºC e continuar os esforços para conter o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Photo Credit
Carlos Lopes. Foto: ONU/Manuel Elias