Em entrevista à Rádio ONU, chanceler do Brasil José Serra fala sobre prioridades do país durante debates da Assembleia Geral, que têm início neste 20 de setembro; um dia antes, presidente Michel Temer deve discursar em Cúpula sobre Refugiados e Migrantes, em Nova York, na próxima segunda-feira.

Monica Grayley, da Rádio ONU.

A questão do drama dos refugiados e migrantes não será resolvida com construção de muros ou xenofobia. A opinião é do ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra.

O ministro falou à Rádio ONU às vésperas de integrar a delegação chefiada pelo presidente Michel Temer, que participará dos debates de líderes internacionais na Assembleia Geral a partir da próxima terça-feira. Por tradição, o Brasil é o primeiro país a discursar no evento, todos os anos.

Xenofobia

Na segunda-feira, o presidente Temer deve falar no Encontro de Cúpula sobre Refugiados e Migrantes, que foi convocado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ao ser perguntado sobre o papel do Brasil no evento, José Serra destacou a tradição do país em abrigar requerentes de asilo.

“O drama dos refugiados e migrantes não é alheio a nossa história. Nós somos um país cuja diversidade e riqueza resultou justamente da contribuição que as populações de origem estrangeira deram ao nosso desenvolvimento. Alguns através de migrações, mas também através de refúgio. Eu estou convencido de que não é (com) a construção de muros, a xenofobia e os retrocessos nos reconhecimentos de direitos que nós vamos resolver esse desafio.”

O ministro do Exterior confirmou também o compromisso do Brasil em cooperar com a ONU, e disse que o país defende reformas e a modernização da organização.

“A ONU tem que se modernizar, tem que se tornar mais flexível, tem que se envolver nas questões globais, sempre de acordo com os interesses do conjunto dos países.”

"Cooperação histórica"

O ministro José Serra comentou ainda a cooperação histórica do Brasil com as Nações Unidas. O país é um dos membros fundadores da organização. Segundo Serra, o Brasil está otimista a respeito dos debates.

“Nós estamos indo aí para a ONU muito animados. O presidente Temer dá a maior prioridade à organização. Temos interesse profundo nos três temas que eu disse, que são nossos objetivos de política externa: paz de um lado, desenvolvimento sustentável do outro, e direitos humanos para fechar o triângulo.”

Entre os encontros à margem dos debates dos líderes internacionais, a ONU está organizando uma reunião sobre a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, e um outro encontro sobre a resistência antimicrobiana que, segundo a OMS, já se tornou uma ameaça à saúde pública mundial.

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