Ban: “nenhum conflito atual causou mais mortes do que o da Síria”
Secretário-geral fez a declaração durante entrevista a correspondentes antes dos debates da Assembleia Geral; Ban pediu à comunidade internacional que ajude os refugiados e ratifique o Acordo de Paris.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que “nenhum conflito no mundo está causando tanta morte, destruição e instabilidade generalizada como a guerra na Síria”.
Ban fez a declaração esta quarta-feira durante entrevista coletiva na sede das Nações Unidas, em Nova York, a poucos dias da abertura dos debates da Assembleia Geral, na próxima terça-feira.
Ajuda Humanitária
O secretário-geral saudou o restabelecimento da suspensão das hostilidades na Síria depois do acordo fechado entre Estados Unidos e Rússia. Ele avisou que a ONU está pronta para entregar ajuda humanitária em Alepo e em outras áreas sitiadas ou de difícil acesso no país.
Para Ban, é essencial que as negociações entre as partes sírias sejam retomadas para que a população civil “possa sentir uma mudança verdadeira em sua vida diária”.
Segundo o chefe da ONU, “os países com influência sobre as partes em conflito devem fazer o possível para alcançar uma solução política e pôr um fim à crise”.
O secretário-geral citou ainda dois outros grandes desafios: o dos refugiados e a ratificação do Acordo de Paris. Ban pediu à comunidade internacional que se una, num espírito de “responsabilidade compartilhada”, para ajudar migrantes e refugiados.
Benefícios da Migração
Para ele, “mais países têm de reconhecer os benefícios da migração e assentar cada vez mais pessoas forçadas a fugir de suas casas”.
O chefe da ONU deixou claro que todos devem combater a animosidade que muitos refugiados, migrantes e minorias enfrentam.
Segundo ele, a declaração que será adotada durante a Conferência sobre Refugiados e Migrantes, na segunda-feira, marcará “um passo adiante”.
Ele rebateu críticas de que o acordo é “muito vago” e não vai atingir todos os setores necessários, como educação e detenção de crianças.
Ban disse que o documento aborda 65 milhões de refugiados e migrantes e que a situação se tornou uma “ameaça global”. Ele afirmou que os 193 Estados-membros da ONU acordaram o texto. Segundo ele, haverá mais debates sobre este tema.
Acordo de Paris

Ban disse que, para entrar em vigor, o tratado precisa da ratificação de mais 28 países, que representam outros 16% das emissões globais. O Brasil anunciou a ratificação do Acordo nesta semana.
Em resposta a jornalistas, Ban disse que as tensões na Península Coreana nunca estiveram tão altas e pediu ao Conselho de Segurança que adote as medidas apropriadas para lidar com a situação.
Ao ser indagado sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia, o secretário-geral afirmou que a posição da ONU é clara: “os assentamentos são uma violação da lei internacional”.
Um jornalista quis saber da reação de Ban a discursos xenófobos feitos em campanhas eleitorais. O chefe da ONU afirmou que xenofobia e discriminação são atos inaceitáveis de acordo com a Declaração dos Direitos Humanos.
Colômbia
Ao final do pronunciamento, Ban disse que fará duas viagens oficiais neste mês. Neste sábado, ele irá ao Canadá participar com o primeiro-ministro Justin Trudeau da Conferência do Fundo Global para Combater o HIV/Aids, Tuberculose e Malária.
No dia 26, Ban irá a Cartagena, na Colômbia, participar da cerimônia de assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e o grupo Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo, Farc-EP.
O documento põe fim a várias décadas de conflito. As Nações Unidas vão estar presentes no país para acompanhar a implementação dos dispositivos do acordo.