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Relatório da ONU mostra atrocidades cometidas pelo Isil no Iraque

Relatório da ONU mostra atrocidades cometidas pelo Isil no Iraque

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Documento cita assassinatos, violência e escravidão sexuais e tratamento desumano contra minoria yazidi desde o ataque à cidade de Sinjar, em 2014; violações e abusos cometidos pelo Isil podem ser considerados crimes de guerra.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Um relatório divulgado pela ONU detalha as atrocidades cometidas pelos extremistas do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, a mulheres, homens e crianças da minoria yazidi.

Documento preparado pelo Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos e pela Missão de Assistência da ONU no Iraque, Unami, inclui depoimentos de alguns dos mais de 300 mil yazidis que fugiram da cidade de Sinjar durante ataque do Isil, em dezembro de 2014.

Escravidão Sexual

Os investigadores citam relatos de assassinados sistemáticos e generalizados, violência e escravidão sexuais, além de tratamento desumano e cruel e conversão religiosa forçada.

Calcula-se que 360 mil pessoas dessa minoria estejam deslocadas e sem acesso a qualquer tipo de assistência psicológica.

As mulheres entrevistadas pela ONU disseram que foram vendidas várias vezes e tiveram suas filhas e filhos retirados. Uma delas contou que foi vendida para um extremista de 26 anos que a estuprou várias vezes por, pelo menos, 15 dias.

Ele também ameaçou matar suas filhas se ela oferecesse qualquer tipo de resistência.

Atrocidades

O relatório mostra ainda relatos de homens que foram separados de suas mulheres e sobre execuções em massa de vários detidos pelo Isil. Mais de 600 homens foram assassinados no distrito de Tel Afar. Outros foram forçados a se converter ao islã ou seriam mortos.

O representante especial do secretário-geral para o Iraque, Jan Kubis, disse que o relatório mostra a maneira como o Isil cometeu “terríveis atrocidades contra a minoria yazidi e outras comunidades étnicas e religiosas”.

Segundo a ONU, pelo menos 3,5 mil mulheres, meninas e homens, na sua maioria yazidi, continuam em cativeiro.

O alto comissário para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, afirmou que os depoimentos servem como um chamado a todos os membros da comunidade internacional.

Segundo Zeid, “nenhum esforço deve ser economizado para assegurar a prestação de contas por esses crimes e para enviar uma mensagem de que ninguém pode cometê-los impunemente”.

O relatório declara que as violações e abusos cometidos pelo Isil podem ser considerados crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.

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Calcula-se que 360 mil pessoas estejam deslocadas e sem acesso a qualquer tipo de assistência psicológica. Foto: Unicef/Wathiq Khuzaie