Comissão da ONU destaca “necessidade urgente” de proteger civis em Alepo
Segundo o grupo, presidido pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, violência atingiu novos patamares nas últimas semanas no leste da cidade; vários bairros estão agora sendo atacados diariamente.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria expressou profunda preocupação com a segurança de civis em Alepo. Há relatos de que 100 mil crianças estariam no meio do fogo cruzado no leste da cidade.
Segundo o grupo, a violência atingiu novos patamares nas últimas semanas com a intensificação do que a comissão chamou de “guerra assimétrica” pelo controle de bairros mantidos por grupos armados e suas principais linhas de abastecimento restantes.
Cerco
Em nota publicada esta terça-feira, os especialistas mencionam a via Castelo e acesso através do bairro Ramouseh.
De acordo com a Comissão, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, esses ataques “parecem formar a preparação de um cerco”, projetado para forçar a captura da cidade através de uma estratégia já documentada de “rendição ou morrer de fome”.
Resposta Imediata
Para o grupo, a situação dos civis em Alepo é “crítica” e exige “atenção e resposta imediatas”.
Bairros na cidade estão agora sendo atacados diariamente por bombardeios aéreos por forças do governo e aliadas, causando grande número de vítimas.
Ataques Aéreos
Os civis estão morrendo imediatamente com os ataques e outros perdem a vida nos escombros de prédios destruídos.
Ataques posteriores também mataram equipes de resgate, incluindo integrantes da Defesa Civil Síria, enquanto esta buscava sobreviventes.
Mais de 25 hospitais e clínicas foram destruídos em bombardeios aéreos desde janeiro de 2016. Os ataques mataram pacientes e equipes médicas. Dois milhões de civis em Alepo atualmente não têm acesso à água corrente.
Corredores Humanitários
Para o grupo, se colocados em prática, corredores humanitários devem ser criados e implementados em conformidade com princípios humanitários fundamentais.
Civis que ficarem devem ter acesso irrestrito à assistência humanitária vital. A Comissão lembra que independentemente da existência de corredores humanitários, a obrigação das partes em coflito de não direcionar ataques a civis e alvos civis permanece.
A nota menciona que civis em áreas mantidas pelo governo em Alepo estão sendo mortos por bombardeios indiscriminados de grupos armados no terreno.
O grupo cita “coalizões incluindo Ahrar al-Sham, Jaysh al-Islam, e o grupo terrorista Jabhat Fatah al-Sham (anteriormente Jabhat al-Nusra) montando sua contra-ofensiva contra o ataque do governo.
Situação Catastrófica
Para a Comissão, a situação em Alepo tem sido “catastrófica” há muitos anos. Segundo os especialistas, ainda que “impensável”, os ataques atuais sugerem que “a agonia dos civis está prestes a se aprofundar”.
“A guerra tem regras”, lembra a nota do grupo que apela às partes em conflito para que sua conduta seja de acordo com a lei internacional.
A Comissão enfatiza, no entanto, que ataques na cidade de Alepo, mesmo que de acordo com as leis de guerra, vão apenas “arrasar ainda mais a população civil”.
Preço Mais Alto
Enquanto os ataques continuam na Síria, o grupo faz um apelo aos Estados que têm influência, principalmente aqueles apoiando as partes em conflito, que as pressionem para retornar às negociações políticas.
Para a Comissão Internacional de Inquérito, até que isso aconteça, homens, mulheres e crianças sírias continuam a “pagar o preço mais alto”.
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