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Jovem sobrevivente do Isil defende ações em vez de discursos contra o grupo

Jovem sobrevivente do Isil defende ações em vez de discursos contra o grupo

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Nadia Murad, da etnia yazidi, foi citada em comunicado da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os dois anos do “início do genocído” cometido grupo terrorista islâmico contra mulheres, crianças e homens yazidis no Iraque.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria emitiu nesta quarta-feira uma declaração marcando os dois anos do que o grupo chamou de “início do genocído” cometido pelo movimento terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, contra a minoria yazidi.

Segundo a nota, nas primeiras horas de 3 de agosto de 2014, combatentes do Isil deixaram suas bases e atacaram brutalmente os yazidis no distrito de Sinjar, no noroeste do Iraque. Os yazidis são um dos grupos étnicos mais antigos do país.

Sobrevivente

A declaração cita uma sobrevivente do genocídio do Isil que discursou num evento co-organizado pela Comissão em 24 de junho, em Genebra. Na ocasião, Nadia Murad afirmou que é preciso justiça em vez de palavras.

Para a Comissão, a ativista “não poderia estar mais certa”. Segundo a nota, “é responsabilidade das Nações Unidas e da comunidade internacional agir para interromper o genocídio em curso, cuidar das vítimas e levar os responsáveis à justiça”.

Destruição

No relatório Eles vieram para destruir: crimes do Isil contra os yazidis, divulgado em 16 de junho deste ano, a Comissão determinou que o grupo terrorista islâmico cometeu o “crime de genocídio, assim como múltiplos crimes contra a humanidade e de guerra contra os yazidis”.

Segundo a Comissão, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, mais de 3,2 mil mulheres e crianças ainda estão sob poder do Isil e sujeitas a “violência quase inimaginável”.

A maioria está na Síria, onde mulheres e meninas yazidi continuam sendo “sexualmente escravizadas”; os meninos, usados nos combates. Milhares de homens e meninos yazidi permanecem desaparecidos.

Recomendações

Nesta quarta-feira, a Comissão pede atenção não apenas em suas conclusões, mas nas recomendações às Nações Unidas, ao governo da Síria e à comunidade internacional sobre o resgate, proteção e cuidados à comunidade yazidi.

Segunda a declaração, a principal delas é a recomendação ao Conselho de Segurança de que leve a situação à justiça, ao Tribunal Penal Internacional ou a um tribunal ad hoc com jurisdição geográfica e temporária relevantes.

Para a nota, esta ação seria em questão de urgência e de acordo com as obrigações individuais de cada Estado sob a Convenção sobre Genocídio.

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Refugiados yazidi, incluindo crianças, em campo de refugiados a 40 quilômetros da fronteira da Síria com o Iraque. Foto: Unicef/Razan Rashidi