Ban: “crianças pagam o preço mais alto em tempos de guerra”
Secretário-geral da ONU fez o alerta durante debate no Conselho de Segurança sobre Crianças e Conflito Armado”; ele afirmou que em alguns países os menores estão “sofrendo como se vivessem num inferno”.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que as “crianças ainda pagam o preço mais alto em tempos de guerra”.
O alerta foi feito durante discurso no Conselho de Segurança num debate aberto sobre a situação das crianças em conflito armado.
“Inferno”
O chefe da ONU disse que em países como Iraque, Somália, Sudão do Sul, Síria e Iêmen, “as crianças sofrem como se vivessem num inferno”.
Segundo ele, “meninos e meninas são torturados, mutilados, presos, passam fome, sofrem abusos sexuais e são assassinados”. Suas casas e escolas são destruídas.
Ban explicou que milhares de crianças sírias foram mortas desde o início do conflito, em 2011, e milhões estão traumatizadas.
No caso da coalizão liderada pela Arábia Saudita em operação no Iêmen, o secretário-geral expressou “sérias preocupações com a situação na região e o impacto devastador sobre as crianças”.
Iêmen
Ele declarou que no Iêmen, o número de crianças mortas ou mutiladas em 2015 foi seis vezes maior do que no ano anterior. A quantidade de crianças recrutadas para lutar nos combates aumentou 500%.
Ban disse ainda que o Afeganistão registrou no ano passado o nível mais alto de ferimentos e mortes de crianças desde 2009. Na Somália, as violações cometidas contra menores de idade aumentaram 50% entre 2014 e 2015.
No Sudão do Sul, as crianças continuam pagando o preço mais alto pelo fracasso dos líderes em se comprometerem com a paz. O chefe da ONU afirmou ainda que a violência continua afetando crianças palestinas e israelenses.
Conferência
Ban disse que em 19 de setembro, a ONU vai realizar a Conferência para Refugiados e Migrantes. Ele pediu a todos os governos que apresentem suas ideias e compromisso, com atenção especial na proteção das crianças.
O secretário-geral declarou que o extremismo violento tem forçado milhares de pessoas a fugirem de suas casas e comunidades. Os extremistas estão enviando crianças em missões suicidas ou vendendo-as como escravas sexuais.
Ele afirmou que a resposta global deve ter como ponto central o respeito às leis de direitos humanos e humanitária.
Este ano é comemorado o 20º aniversário da criação do Escritório do Representante Especial sobre Crianças e Conflito Armado.
Ban afirmou que desde o ano 2000, mais de 115 mil crianças foram liberadas por forças armadas e grupos armados em todo o mundo. Só no ano passado, mais de 8 mil crianças-soldados voltaram para casa e estão recebendo ajuda para reconstruir suas vidas.
O secretário-geral declarou que o objetivo final é acabar com as graves violações de direitos humanos das crianças. Para que isso seja alcançado, Ban explicou que é necessário pôr um fim a todos os conflitos e estabelecer a paz.