Perspectiva Global Reportagens Humanas

Afeganistão tem novo recorde de civis mortos ou feridos desde janeiro

Afeganistão tem novo recorde de civis mortos ou feridos desde janeiro

Baixar

Mais de 5.166 pessoas perderam a vida ou foram mutiladas no país; registo é o mais alto desde 2009; mais de oito em cada 10 menores morreram vítimas de restos explosivos de guerra; para o alto comissário de direitos humanos da ONU, a situação é “alarmente e vergonhosa.”

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Afeganistão registou 5.166 mortos ou feridos nos primeiros seis meses de 2016, um recorde em relação aos últimos seis anos. O total de pessoas que perderam a vida foi de 1.601, enquanto o de feridos foi de 3.565.

Um relatório das Nações Unidas, publicado segunda-feira, indica que crianças são um terço das vítimas que morreram ou foram mutiladas. As estimativas são consideradas abaixo do número real.

Aumento

Entre janeiro de 2009 e junho de 2016, o número de mortes e ferimentos foi de 63.934, incluindo 22.941 mortes e 40.993 feridos.

A soma deste ano representa um aumento de 4% em relação à quantidade de vítimas no mesmo período do ano passado.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein chamou “alarmante e vergonhosa" a situação, especialmente pelo maior número de crianças mortas ou feridas num semestre após o início da contagem em 2009.

Horrores

As baixas deste ano deste ano incluem 1.509 crianças, 388 mortos e 1.121 feridos. Entre as vítimas estão 507 mulheres, sendo 130 mortos e 377 feridos.

O representante especial do secretário-geral para o Afeganistão, Tadamichi Yamamoto, disse que o estudo deve chamar à ação às partes em conflito “para fazer todo o possível para poupar os civis dos horrores da guerra.”

Ele disse que cada baixa documentada tem a ver com pessoas mortas enquanto oravam, trabalham, estudavam, iam buscar água, recuperavam em hospitais. Para ele, “cada vítima civil representa uma falha de compromisso.”

Yamamoto declarou que os envolvidos no conflito devem “tomar medidas significativas e concretas” para reduzir o sofrimento dos civis e aumentar a proteção.

Conflito

Zeid disse que o testemunho das vítimas e das suas famílias põe em evidência de forma angustiante a tragédia de cada uma das 63.934 pessoas mortas ou mutiladas pelo conflito prolongado que ocorre desde 2009.

As forças do governo são consideradas responsáveis por 60% das baixas civis. Os combates no terreno continuam a ser a principal causa de vítimas, seguidos pelos ataques suicidas e os engenhos explosivos improvisados.

Os restos de guerra explosivos tiveram um impacto desproporcional em crianças, que formam 85% dos mortos causados pelo tipo de dispositivos.

O país teve mais mais de 157 mil desalojados durante os seis meses, o que corresponde a um aumento de 10% em relação ao ano passado. O Afeganistão tem um total de 1,2 milhão de deslocados internos devido a conflitos.

Photo Credit
Conferência de imprensa em Kabul com o representante especial do secretário-geral para o Afeganistão, Tadamichi Yamamoto (esq). Foto: Unama/Fardin Waezi.