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Aplicações nucleares ajudam a monitorar a saúde dos recifes de coral

Aplicações nucleares ajudam a monitorar a saúde dos recifes de coral

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Segundo agência da ONU, radioisótopos permitem pesquisar absorção e expulsão de metais como prata, cádmio, cobalto e manganês em corais e organismos marinhos; impacto pode prejudicar populações que dependem de ecossistemas saudáveis.

Michelle Alves de Lima, da Rádio ONU em Nova York.

Instrumentos nucleares podem avaliar a variação da acumulação de metal nas espécies marinhas que estão num ambiente em mutação, com temperaturas ou acidez elevadas, segundo um especialista da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.

Conforme explicou o radioecologista da agência da ONU Marc Metian, “as aplicações nucleares são ferramentas para estudar e quantificar os fatores que causam tensão ambiental”, como a poluição, as temperaturas elevadas, a pesca excessiva e a acidificação dos oceanos, que têm um impacto sobre os recifes de corais.

Metais

Com o uso de radioisótopos, é possível pesquisar como metais como prata, cádmio, cobalto e manganês são absorvidos e expulsos por corais e organismos marinhos. Esses instrumentos permitem ainda traçar com precisão o movimento de contaminantes tanto no ambiente quanto em organismos.

A poluição e a mudança climática causam sérios riscos para os ambientes costais e marinhos. Os recifes de corais, que são ecossistemas subaquáticos que garantem um habitat valioso e servem como um “terreno fértil” para uma grande variedade de espécies, são particularmente vulneráveis às mudanças no ambiente marinho. Essas mudanças podem repercutir em populações que dependem de ecossistemas marinhos e costais saudáveis como fonte vital de alimentos.

Recifes de corais fornecem comida para milhões de pessoas no mundo e são grandes fontes de renda e trabalho através da pesca e do turismo. Eles também servem de barreiras que reduzem os efeitos de tempestades e protegem ilhas e terrenos costeiros.

Branqueamento

Estudos apontam que recifes de corais podem ser sensíveis a variações ambientais. Recentemente, foram notadas diversas incidências de branqueamento de corais, que é quando os recifes expulsam as algas responsáveis por sua cor característica. Apesar de a recuperação em casos mais leves de clareamento ser possível, o aumento da frequência e intensidade desses episódios, combinados com outros fatores de tensão, coloca os recifes e outros ecossistemas sob ameaça.

Em alguns arquipélagos do Pacífico Sul, o vazamento de níquel de indústrias de mineração libera no meio ambiente poluentes e subprodutos que são absorvidos por corais e podem atingir níveis críticos de concentração. O trabalho conduzido pela Aiea permite obter informações valiosas para a saúde de recifes de coral e dos organismos que neles habitam, além de localizar fontes de poluição para que atividades de correção possam ser implementadas.

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A poluição e a mudança climática causam sérios riscos para os ambientes costais e marinhos. Foto: Aiea/J.L. Teyssie