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Após estagnação, Unaids quer mais prevenção do HIV

Após estagnação, Unaids quer mais prevenção do HIV

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Agência da ONU alerta que, em algumas regiões, contaminação aumenta após vários anos de redução do HIV; desde o pico em 1997, o número de novos casos do vírus caiu 40%.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Um novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, revela que após vários anos de redução de novas infecções, houve uma estagnação em média, mas em algumas regiões, a contaminação com o vírus subiu.

O relatório “Lacunas de Prevenção” mostra que houve uma redução de mais de 70% em novos casos de HIV entre crianças desde 2001.  Mas o mesmo não ocorre com a população adulta.

Providências

Segundo o Unaids, para manter a tendência de queda, serão precisas algumas providências por parte dos governos.

Cerca de 1,9 milhão de adultos foram infectados anualmente nos últimos cinco anos. Deste total, 57% dos casos estão no leste da Europa e no centro da Ásia entre 2010 e 2015.

O número de HIV no Caribe também subiu 9% entre os adultos. E no Oriente Médio e norte da África, o aumento foi de 4%, no mesmo período.

Já a América Latina notificou o mais baixo crescimento, com 2%, seguida da Asia-Pacífico, em 3%.

Surgimento

As reduções de novos casos de infecções ocorreram no oeste e no centro da Europa e da África, e na América do Norte.

O diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé, disse que a agência está soando o alarme de que a prevenção não está sendo feita. Para ele, se houver um renascimento de casos, a doença não poderá ser controlada como se espera.

Desde o surgimento do HIV, em meados dos anos 1980, 35 milhões de pessoas morreram da doença ou de doenças associadas. E 78 milhões se infectaram com o vírus.

De acordo com o relatório, cerca de 20% dos recursos globais para combater o HIV estão sendo usados em prevenção. No leste e no sul da África, por exemplo, ¾ de novas infeções entre adolescentes de 10 a 19 anos são de meninas.

Desigualdade de gênero

E a razão é porque elas sofrem mais com a desigualdade de gênero na hora de se prevenir. Outros fatores são falta de serviços apropriados à idade, estigma e não poder tomar decisões por causa da violência de gênero.

Apenas 57% dos países em 2014 tinham uma estratégia clara de recursos para mulheres no combate à doença.

Já no leste da Europa e no centro da Ásia, mais da metade das novas infecções ocorrem entre pessoas que usam drogas e oito em cada 10 casos estão na Federação Russa.

Entre as recomendações do Unaids para reverter o aumento do HIV em algumas regiões, estão aumentar os serviços para os grupos afetados, fortalecer os programas nacionais de distribuição de preservativo, realizar a circuncisão masculina voluntária em países prioritários e preparar a população para os altos riscos da doença.

Em 2015, 17 milhões de pessoas tiveram acesso à terapia antiretroviral, o dobro do de 2010 e 22 vezes mais que no ano 2000.

Photo Credit
O diretor executivo da Unaids, Michel Sidibé, com o novo relatório da agência. Foto: Unaids