Estigma ainda é um desafio no tratamento do HIV em Moçambique
Avaliação é da ministra da Saúde do país, Nazira Abdula, em entrevista à Rádio ONU; representante afirmou que serviços de saúde estão garantidos para todo cidadão e de forma gratuita, mas muitas pessoas buscam tratamento na África do Sul.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O estigma e a discriminação ainda são desafios enfrentados por pessoas vivendo com o HIV. A afirmação é da ministra da Saúde de Moçambique, Nazira Abdula, que participou de um Encontro de Alto Nível sobre o Fim da Sida, na sede da ONU, na semana passada.
Segundo ela, Moçambique oferece tratamento gratuito aos pacientes. Ao ser perguntada o motivo de algumas pessoas buscarem tratamento em outros países da região como a África do Sul, a ministra disse que a discriminação pode ser um fato na hora da decisão.
Escolha
“A escolha de alguns moçambicanos de irem à África do Sul tem várias explicações. A questão do estigma, que se falou muito nesse encontro, a questão da discriminação. Então, as pessoas que vão à África do Sul, não é porque Moçambique não pode oferecer, mas porque ainda há essa questão do estigma e da discriminação. As pessoas ainda não se sentem à vontade em expor-se, em assumir que estão infetados com esta doença”.
A dirigente afirmou que em Moçambique há “acesso universal em relação ao tratamento retroviral”. Ela afirmou ainda que o país segue os critérios de tratamento da da Organização Mundial da Saúde, OMS.
Rapariga
A ministra Nazira Abdula também falou sobre a declaração aprovada no Encontro na ONU.
“A declaração respondeu uma expetativa de Moçambique de ver bem clarificadas as intervenções e estratégias da prevenção primária com enfoque na rapariga e jovens adolescentes, que são as mais afetadas no nosso país. E as mesma declaração responde à parte do envolvimento do homem, à promoção do gênero, a abordagem dos direitos humanos, o combate de todo o tipo de violência, assim como que devemos também investir o maior esforço no fortalecimento dos sistemas comumanitários e dos sistemas de saúde.”
Segundo Nazira Abdula, o índice de prevalência de HIV em Moçambique é de 11,5%, ou cerca de 1,7 milhão de moçambicanos. A erradicação da doença até 2030 é um objetivo das Nações Unidas. Na declaração, os países acordaram acelerar as medidas para acabar com o vírus.
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