Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU regista mais de 200 casos de abusos dos direitos humanos na RD Congo

ONU regista mais de 200 casos de abusos dos direitos humanos na RD Congo

Baixar

Episódios ocorreram entre janeiro e abril; escritório destaca "clima preocupante" próximo dos protestos de quinta-feira; comunicado menciona redução do espaço democrático, meses antes das eleições presidenciais.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O Escritório de Direitos Humanos da ONU documentou 216 violações na República Democrática do Congo, RD Congo, nos últimos quatro meses.

Os dados apresentados esta terça-feira, em Genebra, são do período entre janeiro e abril deste ano e têm a ver com atos relacionados ao exercício das liberdades de expressão, reunião e associação pacífica.

Eleições

A lista de abusos inclui prisões e detenções arbitrárias, interrupção das reuniões da sociedade civil e da oposição e maus-tratos a manifestantes.

O escritório revela ainda que o governo tomou "medidas preocupantes" desde o ano passado para reduzir o espaço democrático antes das eleições no país. As autoridades preveem que a escolha do presidente ocorra em novembro.

Na sexta-feira foram condenados três ativistas da ONG Lucha, o Movimento para a Mudança. Eles foram acusados de incitar a desobediência civil, divulgar notícias falsas e violar a segurança do Estado.

Julgamento

Devido à preocupação com "a pressão sobre a oposição e a sociedade civil", o apelo ao Poder Judiciário é que "respeite os princípios de julgamento justo e para que resistam a qualquer interferência política".

Em março, o ministro congolês da Justiça e Direitos Humanos anunciou que apenas 63 das 22 mil ONGs do país cumpriram os regulamentos necessários e têm capacidade jurídica.

O governante disse que todas as instituições do grupo que não regularizassem o seu estatuto não seriam autorizadas a operar no país. O escritório falou ainda da perseguição de dois candidatos presidenciais, incluindo através de procedimentos legais.

Manifestações

Devido às manifestações de descontentamento, previstas para esta quinta-feira, o escritório destacou haver um "clima preocupante" e pediu ao governo que permita manifestações pacíficas.

O outro pedido é que as autoridades garantam que os agentes de aplicação da lei não usem a força sem necessidade ou de forma excessiva durante as manifestações.

O comunicado recomenda um diálogo construtivo com a oposição e que seja assegurado o respeito dos direitos de todos os congoleses para participarem nos assuntos públicos do seu país ao invés de "tentativas para reprimir dissidentes".

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

Photo Credit
Lista de abusos inclui prisões e detenções arbitrárias, interrupção das reuniões da sociedade civil e da oposição e maus-tratos a manifestantes. Foto: ONU/Marco Dormino