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Desenvolvimento em África depende de urbanização de qualidade

Desenvolvimento em África depende de urbanização de qualidade

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Relatório Panorama Económico Africano mostra que dois terços da população do continente estará a viver em cidades até 2050; fluxos financeiros para África no ano passado atingiram US$ 208 mil milhões, inferior ao registado em 2014.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Foi divulgado esta segunda-feira o relatório Panorama Económico Africano, a destacar que dois terços dos habitantes do continente estarão a viver em zonas urbanas até 2050.

Por isso o processo de urbanização de África será crucial para garantir o crescimento económico e o desenvolvimento. O relatório foi apresentado por ocasião da 51ª sessão das reuniões anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, BAD.

Recuperação

Apesar da instabilidade económica mundial, a economia africana foi estável em 2015 e ficou na segunda posição entre as regiões com maior crescimento, apenas atrás da Ásia.

A previsão para este ano é de crescimento médio de 3,7%, a disparar para 4,5% em 2017, isso se houver recuperação do preço das mercadorias básicas, de acordo com o relatório.

Em 2015, os fluxos financeiros líquidos para África foram de US$ 208 mil milhões, valor 1,8% inferior ao registado em 2014. Por outro lado, a ajuda pública ao desenvolvimento aumentou em 4% e atingiu US$ 56 mil milhões.

Ritmo

A fonte mais estável e importante de financiamento externo em África foram as remessas de capital, que no ano passado bateram a marca de US$ 64 mil milhões.

Segundo o relatório, o continente está a ser urbanizado em “ritmo histórico”: desde 1995, e duplicou a população a viver em cidades, com 472 milhões de pessoas no ano passado.

Mas a falta de planeamento “acarreta uma dispendiosa expansão urbana”. Em Acra, no Gana, a população quase duplicou entre 1991 e 2000 chegando a 2,5 milhões de habitantes, um aumento de 92% no período.

Como consequência, o relatório explica que a relação entre população e área total construída baixou para 90 habitantes/ha, uma média anual de 4,6%, considerada “muito superior a média mundial de 2,1%”.

Desenvolvimento

O documento destaca que a urbanização em África é “tendência irreversível” e daí a necessidade de se concretizar dois terços dos investimentos previstos em infraestruturas urbanas até 2050.

Com políticas adequadas, a urbanização poderá ajudar a promover ganhos nos sectores agrícola, industrial e nos serviços, impulsionados pelo crescimento da classe média e do investimento direto estrangeiro.

O Panorama Económico Africano lembra que 879 milhões de habitantes do continente estão a viver em países com baixos índices de desenvolvimento humano. O relatório foi produzido pelo Banco Africano de Desenvolvimento e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.

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Relatório destaca que dois terços dos habitantes do continente estarão a viver em zonas urbanas até 2050. Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark