Metade de deslocados da Líbia são menores, diz estudo da OIM
Agência destaca três grandes fluxos registados desde o ano da queda de Muammar Kadafi; pesquisa sublinha marginalização e discriminação de migrantes; grande parte dos cidadãos é originária dos vizinhos Níger, Egito, Gana e Mali.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Cerca de metade dos 417 mil deslocados na Líbia têm menos de 18 anos, destaca um novo relatório da Organização Internacional para Migrações, OIM.
A agência parceira da ONU indica que três ondas de deslocamentos provocaram a movimentação. A primeira ocorreu em 2011, época dos protestos que culminaram com a queda do ex-líder Muammar Kadafi.
Mobilidade
O segundo fluxo aconteceu nos dois anos seguintes, antes da onda registada em meados de 2014. Pelo menos 47% dos deslocados são da cidade costeira de Bengazi, a segunda maior do país.
A Matriz de Rastreamento dos Deslocamentos, publicada esta semana, em Trípoli, atualiza os dados e os padrões de mobilidade de desalojados, candidatos a asilo, migrantes e refugiados no país.
Marginalização
A expectativa é que os dados ajudem a coordenar e a planear a assistência humanitária para o país, que acolhe cerca de 234 mil migrantes. Os homens compõem 89% do total de estrangeiros e na maioria são originários de países como Níger, Egito, Gana e Mali.
A OIM aponta como razões que atraíram os migrantes para a Líbia o trabalho, o trânsito ou a mudança forçada. Mas a marginalização e a discriminação do grupo, aliada às "fracas redes sociais ou consulares", tornam o grupo mais vulnerável à exploração.
Nos últimos dois meses, a Líbia registou 14 incidentes marítimos na rota do Mediterrâneo que liga o país à Itália. Uma série de operações realizadas na área permitiram salvar 1.580 pessoas e outras 753 são dadas como desaparecidas.
A pesquisa destaca que os centros de detenção acolhem 4% dos migrantes no país do norte de África.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.
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