Locais para proteger civis serão precisos por mais tempo no Sudão do Sul
Estudo sobre bases das Nações Unidas no país destaca várias dificuldades e atritos nas áreas; "Se formos embora seremos entregues à morte" confirma que locais são uma das únicas fontes de segurança para as populações.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, publicou esta terça-feira o informe "Se formos embora seremos entregues à morte". O documento analisa a proteção e a resposta humanitária a civis em bases das forças da ONU no Sudão do Sul.
Segundo o estudo, mesmo com o "otimismo cauteloso" com a execução do acordo de paz os principais envolvidos "reconhecem que os locais de proteção de civis provavelmente continuem a ser necessários nos próximos anos".
Mortos
Cerca de 200 mil deslocados procuraram abrigo nas áreas devido à guerra civil iniciada em dezembro de 2013.
Estima-se que mais de 50 mil pessoas morreram, quase 1,7 milhões foram desalojadas e outras 711 mil fugiram para os países vizinhos.
De acordo com a pesquisa, a Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, salvou milhares de vidas ao abrir as suas portas para receber sul-sudaneses com a ajuda de trabalhadores humanitários.
Mas o estudo aponta condições de superlotação e dificuldades nos locais, que representam "uma das únicas fontes de segurança para os civis" perante o impacto do conflito.
Lições Aprendidas
A pesquisa foi encomendada pela OIM e pela Suíça para examinar a resposta nos locais, identificar as lições aprendidas nos últimos dois anos e meio e recomendar os passos fundamentais para garantir melhorias.
De acordo com as Nações Unidas, cerca de 6,1 milhões de pessoas devem precisar de assistência humanitária em 2016, devido aos deslocamentos e ao ambiente de segurança imprevisível.
O relator sobre os Deslocados Internos, Chaloka Beyani, disse esperar que com o documento haja um debate para incluir os principais envolvidos e melhorar a resposta aos desalojados que vivem nas bases das Nações Unidas.
Cooperação
Para produzir o estudo foram entrevistadas dezenas de representantes incluindo funcionários da operação de paz, pessoal humanitário, doadores e deslocados internos.
Uma das principais recomendações é que tanto a Unmiss como parceiros humanitários considerem dar apoio a longo prazo e aumentar a cooperação para garantir um ambiente seguro e protegido para os deslocados internos.
O estudo aconselha às partes a abordar as necessidades de proteção dos deslocados internos de uma "forma realista".
Ameaças Externas
As condições de proteção são consideradas "longe de serem as ideais", nos locais "cheios de complicações e atritos constantes entre agentes humanitários, deslocados internos e a Unmiss".
O documento destaca ter havido sacrifício do pessoal da operação de paz em defesa dos residentes, mas aponta ameaças externas e várias agressões a trabalhadores humanitários.
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