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Governos no limite para responder aos prejuízos do El Niño

Governos no limite para responder aos prejuízos do El Niño

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Subsecretário-geral da ONU lembra que esse é um dos mais fortes episódios do fenômeno, afetando 60 millhões de pessoas; Stephen O’Brien revela que Etiópia é o país mais afetado, onde 10 milhões precisam receber comida.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Cerca de 60 milhões de pessoas estão sendo afetadas por um dos episódios de El Niño mais fortes da história. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários fez um apelo esta terça-feira por mais assistência às comunidades impactadas.

Segundo Stephen O’Brien, governos de vários países já estão atingindo seus limites para atender os afetados pelo El Niño. Ele mencionou que no leste e no sul da África, 1 milhão de crianças estão severamente desnutridas.

Pior Seca

A Etiópia é o país mais atingido pelo fenômeno. Devido à pior seca dos últimos 50 anos, 10,2 milhões de civis precisam de assistência para receber alimentos e quase 7 milhões necessitam de água e de atendimento médico de emergência.

O’Brien calcula que no sul da África, 32 milhões de pessoas afetadas pelo El Niño precisam de ajuda, mas o número pode aumentar. A insegurança alimentar atinge 11 milhões na região da Ásia-Pacífico e na América Central e no Caribe, são 9,7 milhões de pessoas afetadas pela seca causada pelo fenômeno.

Emergência

Já são oito países que declararam estado nacional de emergência: El Salvador, Guatemala, Honduras, Lesoto, Malauí, Ilhas Marshall, Suazilândia e Zimbábue, mas vários outros decretaram estado de emergência em regiões específicas.

O subsecretário-geral da ONU explica que além de causar fome, o El Niño já forçou milhares de pessoas a abandonarem suas casas, especialmente na Etiópia e no Quênia.

Financiamento

O’Brien avalia que a resposta das Nações Unidas e agências humanitárias tem sido enorme, mas ainda assim, combater os impactos em 13 países tem o custo de US$ 3,6 bilhões.

Mas ele explicou que faltam ainda mais de US$ 2,2 bilhões para fornecer comida, água potável, medicamentos e para garantir que os agricultores não percam suas próximas colheitas.

O subsecretário-geral da ONU lamentou que a “crise esteja recebendo pouca atenção, apesar do impacto do El Niño ter criado um dos maiores desastres para milhões de pessoas no mundo”.

Ao fazer um apelo por apoio global, Stephen O’Brien destacou que a assistência precisa aumentar antes que os “piores cenários possíveis tornem-se realidade”.

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Devido à pior seca dos últimos 50 anos, 10,2 milhões de civis precisam de assistência para receber alimentos. Foto: OMM/Guillaume Louÿs