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OMS: abordar emergências prolongadas é necessário para alcançar ODS

OMS: abordar emergências prolongadas é necessário para alcançar ODS

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Segundo agência da ONU, é preciso financiamento mais previsível e de longo prazo nestas situações; OMS tem operações de emergência em oitos dos 10 países com as piores taxas de mortalidade materna, incluindo o Sudão do Sul.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

A Organização Mundial da Saúde, OMS, calcula que 60% das mortes maternas evitáveis acontecem em locais de conflito, deslocamento e desastres naturais.

Nessas áreas são registadas 53% das mortes de crianças com menos de cinco anos e 45% da mortalidade neonatal. Este ano, a agência da ONU e parceiros respondem às necessidades de saúde em 30 crises humanitárias prolongadas.

Causa e Consequência

O diretor do Departamento de Gestão de Riscos de Emergência e Resposta Humanitária da OMS, Richard Brennan, fez um alerta: “os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nunca serão alcançados se não forem abordadas tanto as causas como consequências das emergências prolongadas”.

A agência da ONU disse estar comprometida com os recém-lançados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, e sua meta de não deixar ninguém para trás até 2030.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

No entanto, a OMS opera em muitos países afetados por emergências prolongadas, especialmente devido a conflitos. Estas nações são as que enfrentam os maiores obstáculos para atingir tais objetivos.

Quase todos os 17 ODS contribuem para obter melhores resultados de saúde, tanto direta ou indiretamente.

Mães e Crianças

O Objetivo 3 é “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” e dois de seus principais indicadores são grandes reduções de mortes e crianças.

Segundo a agência, a maioria dos países com os índices mais altos de mortes maternas e infantis são consideradas emergências prolongadas.

A OMS tem operações de emergência em oitos dos 10 países com as piores taxas de mortalidade materna, incluindo o Sudão do Sul.

Sudão do Sul

De acordo com a agência, a nação africana é um exemplo de uma crise prolongada que precisa de mais assistência para fazer progressos em relação aos ODS.

Mais de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas no Sudão do Sul desde dezembro de 2013. Uma em cada 50 mães morre durante o parto no país, a quinta taxa mais alta do mundo.

A OMS alerta que uma em cada quatro crianças com menos de cinco anos está desnutrida e 87% da população não tem acesso a saneamento.

A agência ressalta ainda superlotação e o acesso deficiente à água segura, saneamento e higiene em acampamentos para deslocados internos, o que aumenta o risco de doenças como infeções respiratórias, diarreia, hepatite E e cólera.

Falta de Recursos

No entanto, o sistema de saúde do Sudão do Sul permanece subfinanciado. O grupo liderado pela OMS e composto por mais de 60 instituições parceiras, busca fornecer serviços de saúde a 2,5 milhões de pessoas este ano.

O órgão pediu US$ 100 milhões para 2016 mas, até o momento, só recebeu US$ 8,6 milhões.

Apesar de muitos desafios, a OMS alcançou resultados.

Preparação para Paz

O representante da agência da ONU no país, Abdulmumini Usman, destacou que para alcançar os ODS é preciso financiamento “sustentável e previsível”, que garanta o fornecimento de serviços básicos de saúde em todo o Sudão do Sul.

Para Usman, o objetivo é que quando a paz vier, as pessoas estejam com saúde suficiente para trabalhar no avanço do país para atingir os ODS, como em educação, emprego e igualdade de género.

Conferência Humanitária Mundial

A OMS vê a Conferência Humanitária Mundial, que decorrerá em maio, em Istambul, como uma oportunidade para construir pontes entre “os mundos humanitário e de desenvolvimento”.

A cimeira busca gerar maior liderança global e vontade política para acabar com conflitos, aliviar sofrimento e reduzir risco.

Outro objetivo é chegar a um acordo em conjunto de ações e compromissos que permitam à comunidade internacional prepare-se melhor para crises humanitárias.

*Apresentação: Denise Costa.

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Menino congolês refugiado no Sudão do Sul. Foto: Acnur/Rocco Nuri