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Na ONU, África defende industrialização ecológica e sustentável

Na ONU, África defende industrialização ecológica e sustentável

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Estudo apresenta via para promover avanços diante de alterações do clima, falta de recursos e degradação ambiental; Relatório Económico para África 2016 destaca industrialização como centro da estratégia de desenvolvimento.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A sede das Nações Unidas acolheu esta segunda-feira uma sessão onde foi exposto o Relatório Económico para África 2016 à comunidade internacional.

O documento, que defende uma "industrialização ecológica e sustentável centrada nas pessoas", foi apresentado aos Estados-membros pelo secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África, Carlos Lopes.

Degradação

A publicação destaca que são vários os benefícios dessa opção perante os impactos das mudanças climáticas, da escassez de recursos e da degradação ambiental.

Falando à Rádio ONU à margem do evento, o representante da União Africana junto das Nações Unidas, Téte António, indicou novas opções para o continente se for seguido o plano.

"Podemos corrigir os erros daqueles que nos antecederam. Lembre-se do exemplo (positivo) da industrialização na Europa entre a Alemanha e a Grã-Bretanha. A Alemanha começou a sua industrialização com novas tecnologias, que eram consideradas mais recentes, pelo menos naquele tempo. Portanto, não temos que optar pela via dos nossos predecessores. Podemos evitar cometer os erros que aconteceram com experiências anteriores da industrialização."

O estudo recomenda que África priorize uma transformação das suas economias que seja estrutural, tendo a industrialização como o ponto mais alto da estratégia.

A grande oportunidade apresentada ao continente como um retardatário na industrialização é que este adote vias económicas alternativas à industrialização.

Etapa Precoce

Na ocasião, o conselheiro especial do secretário-geral da ONU para África, Maged Abdelaziz, disse haver uma "precisão poderosa" neste momento porque o documento surge numa etapa precoce da industrialização africana.

Para se conseguirem avanços, ele defende que os países africanos devem capitalizar a sua posição de baixo carbono e, desse modo, superar os erros cometidos pelos seus antecessores.

O assessor lembrou que o Acordo de Paris prevê pelo menos US$ 100 mil milhões por ano para os países em desenvolvimento em financiamento climático, o que é um passo importante nessa direção.

Equilíbrio

Abdelaziz destacou a necessidade de se garantir que a entrega desses fundos ocorra a tempo e que haja um equilíbrio entre os fundos de mitigação, a adaptação e a tecnologia.

O relatório recomenda que sejam derrubados os mitos em torno do crescimento ecológico, para voltar a moldar o crescimento económico a favor do desenvolvimento sustentável.

Construção da Infraestrutura

Aos líderes africanos, o estudo aconselha a uma transformação dos padrões de produção e a construção da infraestrutura.

A meta é garantir a segurança do fornecimento de recursos como água, alimentos e energia. A industrialização ecológica e inclusiva é vista como "uma via para atingir tais objetivos".

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